19 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Justiça

Lira entra na justiça para tirar do YouTube matérias contra ele e entrevistas com ex-esposa

Juiz do caso negou que a ação corresse em sigilo ou que os vídeos fossem retirados do YouTube de forma imediata pois consistiria em “censura à liberdade de imprensa”

O ICL Notícias informou hoje, pelas redes sociais, que o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), move ação na 24ª Vara Cível de Brasília para que programas sejam retirados do ar. Mais especificamente, notícias com reportagens, entrevistas e comentários críticos contra Lira.

O presidente da Câmara pede ainda indenização de R$ 300 mil por dano moral por causa da veiculação do que fora postado em 6 de junho, quando o ICL Notícia fez comentários sobre acusação de suposto recebimento de R$ 106.000,00 em propina por meio de um assessor de Lira, no caso do Kit de Robótica.

A advogada do deputado, Margarete Coelho, diz que a denúncia foi arquivada pela 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal e por isso os comentários do programa seriam “afirmações inverídicas” e “divulgação de desinformação, com o deliberado intento de macular a imagem e a honra” de seu cliente.

Arthur Lira também quer que seja retirado do ar uma entrevista com sua ex-mulher, Jullyene Lira, que o acusa de vários crimes. No total, são 42 vídeos que o parlamentar líder do centrão quer que seja eliminado da web.

Em nota, o canal disse reputar a tentativa de cercear o jornalismo e que isso abre um precedente perigoso.

“Repudiamos veementemente a tentativa do presidente da Câmara Arthur Lira de cercear a atividade jornalística do ICL Notícias, cujo compromisso com a informação, o debate democrático e a defesa do interesse público é admirável e nos serve de exemplo. É perigosíssimo que figuras proeminentes e em postos de poder no Estado brasileiro queiram perseguir e amordaçar a imprensa livre. O processo movido por Arthur Lira, motivado por interesses privados, é deplorável manifestação autoritária de quem deveria zelar pelo fortalecimento da democracia”.

O juiz do caso, no entanto, negou pedido de Lira para que a ação corresse em sigilo e também que a retirada dos vídeos do YouTube fosse imediata, já que a decisão sumária poderia consistir, segundo o magistrado, “censura à liberdade de imprensa”. O mérito do processo ainda não foi julgado.

Imediatamente, um abaixo-assinado de seguidores do ICL Notícias cita a defesa da liberdade de imprensa, criticando a tentativa de Arthur Lira penalizar judicialmente a empresa responsável pelo programa.