20 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Lira ignora cortes na Educação e prioriza CPI dos institutos de pesquisa com ameaça de prisão

Líder do Governo, Barros apresentou projeto que criminaliza pesquisas e afirma que dados defasados do IBGE não são desculpa: “pesquisas não têm que usar esses dados”

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quinta-feira (6) que vai votar na próxima semana um projeto de lei sobre divulgação e prazos de pesquisas eleitorais e disse que a instalação de uma CPI sobre os institutos deve ocorrer assim que as assinaturas forem colhidas e o objeto da investigação, analisado.

Principal aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL) no Congresso, Lira esteve pela manhã no Palácio da Alvorada com outros deputados da base do governo para uma reunião com o mandatário. Como não é do interesse deles, não falaram do mais novo corte orçamentário (ou “contingenciamento”) que pode fazer Universidades federais colapsarem.

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“Se uma empresa de pesquisa errar por duas ou três vezes a margem de erro, como foi em São Paulo, por exemplo…todas as pesquisas davam Tarcísio perdendo por dez [pontos] e ele ganha por nove [pontos], são 19 pontos, numa margem de três, são seis vezes a margem de erro”.

O presidente da Câmara afirmou que alguns projetos tratam inclusive de prisão. “Nós temos que analisar a responsabilidade objetiva de quem seria, se seria o dono da empresa, o estatístico, o matemático?”, afirmou o deputado, que disse que o descasamento entre os levantamentos e o resultado das eleições não vem dessa disputa.

Líder do Governo

Pouco depois das declarações de Lira, o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), apresentou o projeto de lei que visa criminalizar institutos de pesquisas eleitorais e seus contratantes quando os resultados de levantamentos não forem similares aos das urnas.

Sem critérios definidos para acusar os responsáveis pelo estudo de “manipulação”, o deputado disse que seu projeto pretende obrigar as empresas a provarem inicialmente que não tiveram intenção de apresentar um cenário favorável a um candidato específico.

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“O responsável pela pesquisa que vai ter que provar que não manipulou”, disse Barros, em coletiva de imprensa na Câmara. “Para ele sair do ‘doloso’ para redução do ‘culposo’, ele vai ter que provar que não errou. Se ele errar na pesquisa, já incorreu no crime”, completou.

Questionado sobre a defasagem dos dados oficiais utilizados como base para as pesquisas, Barros disse que “não é desculpa”, porque o instituto “não tem que usar dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas)”.

Ele ainda defendeu que as empresas tenham sua própria base de dados não oficiais para usar nos levantamentos.