4 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Alagoas

Lobão pede audiência pública sobre uso do canabidiol em Alagoas

Deputados parabenizam iniciativa e reforçam que tema não tem relação com maconha ou liberação de drogas

Em sessão ordinária na Assembleia Legislativa de Alagoas, nesta quarta-feira (18/5), com a presença de 19 parlamentares, o deputado Lobão (MDB) tomou a tribuna para anunciar que deve protocolar, em breve, um requerimento para a realização de audiência pública sobre o uso do canabidiol e outro para a produção do medicamento em Alagoas.

Ciente da polêmica com o tema, discutido a nível federal por causa do uso da maconha na extração da substância, Lobão afirmou que seu pedido é apenas baseado em evidências científicas. “Nosso objetivo é permitir acesso mais barato deste medicamento para pacientes com Alzheimer ou Parkinson, por exemplo”, disse o deputado.

“A Anvisa apenas autoriza que o Brasil importe esse medicamento. Assim, hoje, para quem tem condições, só se consegue pagando caro”, disse Lobão, afirmando que em pesquisa rápida na periferia de Maceió, encontrou pessoas usando outros medicamentos, que custam mais de 800 reais. “Alguém com Parkinson, que recebe um salário mínimo, não tem acesso ao tratamento. Criança autista de pais com baixa renda também não têm acesso”, lamentou o deputado.

Além da possibilidade de tratar pessoas mais simples, com um preço mais acessível, Lobão lembrou das possibilidades que a fabricação deste medicamento, em território alagoano, criaria mais empregos e iria movimentar a economia. “Ao invés de importar do Canadá, EUA ou Israel, nós poderíamos fabricar não só para nossa popualação, como também exportar para outros países”, afirmou Lobão, dizendo que com discussão isso seria feito de forma responsável.

“Protocolarei o pedido para uma audiência pública, com participação de especialistas alagoanos e pessoas que fazem uso do medicamento, para que possam dar seu testemunho e informar dos resultados positivos do Canabidiol, que ao invés de outros medicamentos, possui efeitos colaterais mínimos”, encerrou o deputado.

Em a parte, os deputados Ricardo nezinho, Cibele Moura e Cabo Bebeto parabenizaram a iniciativa de Lobão. E de forma conjunta, entraram em acordo que o tema é polêmico, mas que não deveria ser confundido com liberação de drogas. “O princípio ativo do Canabidiol é CBD, e não THC”, lembrou Nezinho. Já Cibele Moura falou em “puro preconceito” os que não querem liberar o medicamento por fazerem uma associação desconhecida e desnecessária com maconha.

“Críticos do tema adoram fazer uma cortina de fumaça para fazer polêmica com maconha ou mesmo para pegar carona com liberação de drogas, o que sou completamente contrário”, disse Cabo Bebeto. “Fiz uma live sobre esse assunto com um médico especialista e eeconheco a necessidade dessa medicação”, concluiu o deputado, parabenizando Lobão mais uma vez pela iniciativa e afirmando querer participar da audiência, quando ela for realizada.

*Canabidiol*

O canabidiol, conhecido popularmente como CBD, é uma substância extraída da planta Cannabis, que atua no sistema nervoso central, e que apresenta potencial terapêutico para o tratamento de doenças psiquiátricas ou neurodegenerativas, como esclerose múltipla, esquizofrenia, mal de Parkinson, epilepsia ou ansiedade, por exemplo.

No Brasil, a Anvisa criou uma categoria de medicamentos derivados da Cannabis que podem ser comercializados após aprovação da Agência.

Estes remédios estão indicados principalmente nos casos em que outras formas de tratamento não estão demonstrando o efeito pretendido e a sua venda é feita com apresentação de receita médica de controle especial.