6 de outubro de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

MBL “admite culpa” pela polarização política no país

Movimento Brasil Livre se afasta de Doria e Bolsonaro, mas ainda prega que retorno do PT ao poder provocaria “guerra civil”

Após atuar no impeachment de Dilma, MBL quer se afastar da atual gestão

Com 5.500 membros em 250 cidades e prestes a completar cinco anos, o MBL (Movimento Brasil Livre) vive um novo momento: encarar um dos monstros que ajudou a criar. Neste final de semana, o coordenador nacional Renan Santos admitiu em entrevista à Filha que ajudou a piorar o debate público no Brasil.

“Abrimos a caixa de Pandora de um discurso polarizado”, disse ele, percebendo tarde demais que não dava só pra ficar limitando toda as pautas em coisas de esquerda ou direita. Ainda assim, o foco no PT continua sendo “MBL raiz”:

“Erramos em apoiar João Doria. Erramos em endossar Bolsonaro no segundo turno. Mas também não havia o que fazer. Se o PT chegasse ao poder, a gente teria guerra civil. A classe média e o centro-sul não iriam aceitar o resultado. Vejo o PT com zero de autocrítica”. Renan Santos, coordenador do MBL, pedindo perdão por polarizar a política.

Renan Santos, ao lado do deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP) e do vereador Fernando Holiday (DEM-SP)

Ao assumir exageros, como no episódio do cancelamento da mostra Queermuseu, o MBL se distancia ainda mais do governo Jair Bolsonaro (PSL). A postura crítica já lhes rendeu a perda de 400 mil seguidores em diversas redes sociais, pouco menos de 10% do seu público. Ou seja, as contas dos fãs do presidente.

Curiosamente, o movimento, que ficou conhecido pela agressividade retórica contra opositores e a imprensa, sendo peça importante no impeachment de Dilma, pretende agora se voltar mais para temas locais em detrimento dos nacionais. Promete ser “paz e amor na forma de dialogar com o outro”.

O problema nisso tudo é que talvez tenha seja tarde demais: membros do grupo já se tornaram deputados ou vereadores em todo país e com tanto ódio na política e nas redes, parece que o amor acabou.