Com 5.500 membros em 250 cidades e prestes a completar cinco anos, o MBL (Movimento Brasil Livre) vive um novo momento: encarar um dos monstros que ajudou a criar. Neste final de semana, o coordenador nacional Renan Santos admitiu em entrevista à Filha que ajudou a piorar o debate público no Brasil.
“Abrimos a caixa de Pandora de um discurso polarizado”, disse ele, percebendo tarde demais que não dava só pra ficar limitando toda as pautas em coisas de esquerda ou direita. Ainda assim, o foco no PT continua sendo “MBL raiz”:
“Erramos em apoiar João Doria. Erramos em endossar Bolsonaro no segundo turno. Mas também não havia o que fazer. Se o PT chegasse ao poder, a gente teria guerra civil. A classe média e o centro-sul não iriam aceitar o resultado. Vejo o PT com zero de autocrítica”. Renan Santos, coordenador do MBL, pedindo perdão por polarizar a política.
Ao assumir exageros, como no episódio do cancelamento da mostra Queermuseu, o MBL se distancia ainda mais do governo Jair Bolsonaro (PSL). A postura crítica já lhes rendeu a perda de 400 mil seguidores em diversas redes sociais, pouco menos de 10% do seu público. Ou seja, as contas dos fãs do presidente.
Curiosamente, o movimento, que ficou conhecido pela agressividade retórica contra opositores e a imprensa, sendo peça importante no impeachment de Dilma, pretende agora se voltar mais para temas locais em detrimento dos nacionais. Promete ser “paz e amor na forma de dialogar com o outro”.
O problema nisso tudo é que talvez tenha seja tarde demais: membros do grupo já se tornaram deputados ou vereadores em todo país e com tanto ódio na política e nas redes, parece que o amor acabou.