21 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Ministros do STF se reúnem às portas fechadas para falar de Lula

STF vive um impasse sobre se condenados na segunda instância devem começar a cumprir pena de imediato, mesmo com recursos pendentes em cortes superiores

A seis dias do julgamento em que o TRF-4 deve confirmar a sentença que autorizará o juiz Sergio Moro a expedir a ordem de prisão de Lula, os ministros do Supremo Tribunal Federal se reúnem nesta terça-feira, em uma reunião a portas fechadas, sugerida pelo ministro mais antigo da Corte, o decano Celso de Mello. Ele defende no Supremo a revisão da regra que permite a prisão de condenados em segunda instância, como Lula.

Notando o empenho do colega em convencê-la a pautar o julgamento de duas ações sobre o tema, a presidente do STF, Cármen Lúcia, confirmou a reunião e à Rádio Itatiaia esforçou-se para atribuir à novidade ares de normalidade: “O que tem de concreto é que o ministro Celso de Mello me disse que seria conveniente nós conversarmos, os ministros, se poderíamos nos encontrar. Não é nem reunião formal nem fui eu que convoquei. Mas é comum a conversa acontecer. Se recebo pessoal de fora (como o presidente Temer, em sua casa), seria absurdo que nós não conversássemos. Não tem nada de convocação, muito menos de extraordinário nisso.”

Na entrevista, Cármen Lúcia reiterou que não cogita marcar um novo julgamento sobre a prisão em segunda instância. Disse que o tema já foi decidido em 2016. Reanalisá-lo agora, em função de um caso específico, “seria quebrar o princípio constitucional da impessoalidade.” O que poderia comprometer outro princípio caro aos magistrados: o da “imparcialidade.”

O STF vive um impasse sobre se condenados na segunda instância devem começar a cumprir pena de imediato, mesmo com recursos pendentes em cortes superiores e Cármen Lúcia, a quem cabe elaborar a pauta de julgamento em plenário, ainda não colocou o tema em discussão.

Na semana passada, ao negar mais um pedido da defesa de Lula para que seja concedido o habeas corpus do ex-presidente, Fachin disse que não deve levar o assunto ao plenário em mesa sem que seja pautado por Cármen Lúcia, pois a elaboração da pauta de julgamentos “recai sobre as elevadas atribuições da presidência deste tribunal”.