8 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Missão falhou: TSE avalia ações durante eleição

Haddad chegou a propor um acordo com o adversário, mas Bolsonaro o chamou de “canalha”

Os Ministros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) avaliam que falharam na missão de coibir as notícias falsas, durante a eleição. A comissão criada pelo ex-presidente da Corte, Luiz Fux, para combater as fake news se mostrou completamente inútil.

Uma ação recente, a retiradas de vídeos sobre kit gays do candidato Jair Bolsonaro (PSL) demorou tanto que não foi nada efetiva. A mentira já foi comprada como verdade, meses antes de agirem contra ela.

Ele, aliás, acreditam que é tarde para uma providência efetiva contra as mentiras. Tem que ficar para as próximas eleições. A presidente do TSE, Rosa Weber, convocou as campanhas de Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL) para uma reunião contra as fake news, mas já era.

O candidato do PT, que já foi acusado até de distribuir mamadeiras eróticas, chegou a propor um acordo com o adversário. Bolsonaro o chamou de “canalha” e disse que também é vítima de mentiras. Como a de que aumentará o imposto para os mais pobres. Como podem ver, dois pesos e duas medidas…

Bolhas

Nunca no Brasil as redes sociais tiveram tanta força em uma eleição, como nesta de 2018. E fechados no conforto de seus grupos de WhatsApp os eleitores brasileiros parecem falar sozinhos ou de frente para os próprios espelhos: eles apenas replicam pensamentos semelhantes aos seus, sem o uso do contraditório: quem pensa diferente não é ouvido e nem bem vindo.

Independente dos grupos serem de família, amigos ou qualquer tipo de profissionais, as cisões acontecem aos montes. Se familiares tem discussões acaloradas a ponto de brigarem com primos, tios, irmãos ou mesmo filhos e pais, o que dizer então de qualquer outra categoria: as pessoas estão abandonando o diálogo e se fechando em grupos de ideologia única: elogiar o outro lado ou criticar o seu virou tabu.

Diante deste cenário, até mesmo contrapor mentiras ficou inviável. Mamadeiras eróticas para crianças ou venezuelização do Brasil viram assuntos difíceis de contra argumentar, pois as pessoas deixaram de se importar com o que é verdadeiro. Mais vale uma mentira que convém, do que uma verdade difícil de argumentar.

É o que se chama do Princípio da Assimetria da Merda: a quantidade de energia gasta para refutar uma é muito maior do que a gerada para produzi-la. Pior quando os próprios candidatos são os emissores das mentiras. De ouvidos e olhos fechados, as fake news prosperam. E os eleitores isolados nunca mudarão de opinião.