19 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Justiça

MPT: Segue sem acordo a falta de pagamento a cerca de 150 ex-empregados das obras do aeroporto

Procurador-chefe do MPT em Alagoas, Rafael Gazzaneo, encerrou procedimento de mediação após a Aena Brasil e o Consórcio Voa Nordeste não chagarem a um consenso; trabalhadores relataram que estão passando por dificuldades

Procurador-chefe Rafael Gazzaneo realizou audiência de mediação no dia 20 de julho, em mais uma tentativa de encontrar uma solução entre as partes. Fotos: Ascom MPT/AL

O Ministério Público do Trabalho (MPT) deverá instaurar denúncia, nos próximos dias, para investigar a falta de pagamento de verbas rescisórias a cerca de 150 ex-empregados que trabalharam nas obras de ampliação do aeroporto Zumbi dos Palmares, em Maceió.

Na última quinta-feira (20), o procurador-chefe do MPT em Alagoas, Rafael Gazzaneo, encerrou um procedimento de mediação após a Aena Brasil e o Consórcio Voa Nordeste não chagarem a um acordo.

Ainda nesta semana, o procurador-chefe Rafael Gazzaneo determinará a instauração de Notícia de Fato, que será encaminhada a um dos procuradores do MPT para investigar a falta dos pagamentos e apurar responsabilidades pelas irregularidades identificadas.

Gazzaneo encerrou a mediação considerando a frustração das negociações, o prejuízo sofrido pelos trabalhadores e os limites impostos à atuação do MPT no próprio procedimento de mediação.

Na última audiência realizada, a Aena Brasil – responsável pela gestão de 17 aeroportos no país, incluindo o aeroporto de Maceió – afirmou que o Consórcio Voa Nordeste é o empregador e o responsável pelo pagamento das rescisões contratuais aos trabalhadores.

A Aena frisou que o consórcio teria deixado de cumprir cerca de R$ 45 milhões do contrato firmado e que existe um seguro-garantia para o caso de descumprimento do contrato, mas que a referida garantia não pode ser usada para o pagamento das rescisões.

Procurador-chefe Rafael Gazzaneo realizou audiência de mediação no dia 20 de julho, em mais uma tentativa de encontrar uma solução entre as partes (Fotos: Ascom MPT/AL)
Procurador-chefe Rafael Gazzaneo realizou audiência de mediação no dia 20 de julho, em mais uma tentativa de encontrar uma solução entre as partes (Fotos: Ascom MPT/AL)
Já o Consórcio Voa Nordeste – contratado pela Aena para realizar as obras de reforma e ampliação no aeroporto de Maceió – reafirmou que existiria um valor retido pela Aena e disse que disponibilizou os Termos de Rescisão de Contrato de Trabalho (TRTCs) e as guias do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) a todos os trabalhadores que procuraram o consórcio.
Questionado pelo procurador Rafael Gazzaneo se haveria algum interesse em acordo ou proposta para os trabalhadores, enquanto empregador e responsável primário, o Consórcio Voa Nordeste informou que teria interesse, mas que não possui recursos para quitar as verbas rescisórias.
Audiência foi realizada de forma híbrida
Audiência foi realizada de forma híbrida

O MPT havia instaurado procedimento de mediação para buscar o pagamento das verbas rescisórias dos ex-empregados, após intervenção do Centro de Gerenciamento de Crises da Polícia Militar. A PM foi acionada no dia 11 deste mês, após os trabalhadores obstruírem o acesso ao aeroporto de Maceió em protesto contra as demissões em massa e a falta de pagamento de direitos trabalhistas.

Em uma das audiências conduzidas pelo MPT, ex-empregados afirmaram que a situação dos trabalhadores é penosa, pois alguns são de outros estados e estão sem recursos para suas necessidades básicas. Os trabalhadores fizeram um apelo para que a Aena Brasil busque, primeiro, resolver a situação dos trabalhadores, para posteriormente solucionar problemas junto ao consórcio.