18 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Mundo

Mudanças climáticas: Brasil perde todo ano mais de R$ 6,4 bilhões

Nordeste viveu o pior ciclo de chuvas da História entre 2012 e 2017, desde que as medições se iniciaram, no final do século 19

Em ranking da COP-24 do Clima pela organização alemã Germanwatch, que reúne dados climáticos e socioeconômicos de 181 países, o  Brasil está entre os 18 países com mais perdas econômicas decorrentes de desastres climáticos.

Cratera em Maceió

Apesar das perdas econômicas, em termos de vulnerabilidade o país aperece apenas na 79ª posição em 2017 e na 90ª posição na média de 1998 para cá.

O problema é no bolso: as perdas anuais passam de US$ 1,7 bilhão (R$ 6,4 bilhões) ao ano devido a eventos extremos como tempestades e inundações, na média dos últimos vinte anos.

O ranking contabiliza os prejuízos diretamente causados por desastres climáticos, como tempestades, inundações, ciclones, furacões, ondas de calor, incluindo mortes e perdas econômicas, respectivamente comparados com o tamanho da população e o PIB cada país.

“Não é do interesse do próprio país negar que as mudanças climáticas estão acontecendo. Se ignorar os fatos, Brasil pode ficar mais vulnerável. Embora os países mais pobres sofram mais por não terem condições de se preparar para os fenômenos e para se recuperar deles, países que ignoram as mudanças climáticas também podem ter altos prejuízos, como os Estados Unidos tiveram. Apenas os furacões que atingiram a costa leste do país em 2017 causaram um prejuízo recorde de U$S 200 bilhões (R$ 760 bilhões).”

Estas são palavras do principal autor do estudo, David Eckstein. E para ele, a situação pode ser mais grave para o Brasil do que o ranking sugere. Ele diz que os países africanos e o Brasil estão sub-representados, pois o ranking só calcula perdas diretas e não inclui fenômenos como a seca, que implica prejuízos indiretos, como no abastecimento de água e na agricultura.

Ele contabiliza três secas que bateram recordes históricos na Amazônia nos anos de 2005, 2010 e 2015. A região também sofreu com inundações mais intensas em 2009 e 2012. Já o Nordeste, ainda segundo Nobre, viveu o pior ciclo de chuvas da História entre 2012 e 2017, desde que as medições se iniciaram, no final do século 19.

O Sudeste também viveu a pior seca do registro histórico em 2014. No mesmo período, Brasília também viveu sua seca mais grave, em 2016.

Bolsonaro não liga

Jair Bolsonaro revelou ter participado da decisão do Brasil de retirar o convite para sediar a próxima Conferência da ONU sobre o clima, a COP-25. Um novo local ainda não foi encontrado.

O presidente eleito também não pretende assumir compromissos ambientais que impactem o agronegócio brasileiro. A resposta foi uma reação às declarações do presidente francês, Emmanuel Macron, que condicionou o avanço das negociações entre a União Europeia (UE) e o Mercosul à posição do governo eleito sobre o Acordo Climático de Paris.

“Esse acordo Mercosul com a União Europeia atinge interesses da França, um país voltado também para o agronegócio. A partir do momento que querem diminuir a quantidade de exportáveis nossos, essas commodities, logicamente que não podem contar com o nosso apoio. Mas não é um não em definitivo, nós vamos negociar”, ressaltou Bolsonaro, no interior paulista.