5 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
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Na caça ao voto chegou a hora da onça beber água, de perder os cabelos e até de sair do armário

No passado, cabo eleitoral já teve casa invadida e viu fogueira de mobília em praça pública

Há exataos 20 dias das eleições no País é possível dizer que, pelo menos nas bandas de cá, na terra de Graciliano Ramos e Hermeto Pascoal, chegou a hora da onça beber água.

É a hora do tudo ou nada na forma dos compromissos assumidos com os cabos eleitorais diversos. Sejam os dos cadastros ou sem cadastros.

Palavra dada é palavra empenhada.

Foi assim que em uma eleição de tempos idos, no agreste alagoano, que o ex-deputado Cícero Ferro (já falecido) chegou a ser notícia na imprensa local por ter feito uma visita a um cabo eleitoral, logo após o pleito.

Ele fizera um acordo com um apoiador para ter pouco mais de duas centenas de votos em um determinado município, mas no dia da eleição não viu na urna sequer um terço do prometido.

Ato contínuo foi na casa do “amigo” e o transformou em inimigo. Entrou no imóvel com ajuda de acompanhantes – um pessoal ligado a clubes de tiro –  retirou da casa do cidadão geladeira, sofá, colchão, cama, etc. Colocou tudo na rua e fez fogueira.

Foi denunciado, mas por isso não sofreu o efeitos da lei. Era poderoso e tinha bons amigos no meio jurídico.

Hoje, na campanha atual, uma candidata a deputada estadual, também poderosa, está a gastar R$ 200 por voto em cadastro de cabo eleitoral.

Para ter uma leva de 1000 votos na mesma região da parlamentar adversária, um outro candidato está propondo até R$ 500 por voto ao dono do cadastro, que paga muito menos ao eleitor no dia da votação.

Recentemente, um vereador de Arapiraca que apoiava um candidato a deputado estadual mudou de lado e foi ao ex-amigo entregar o que já havia recebido. A conversa foi tensa. Revólver sobre a mesa, o pretende ao parlamento rejeitou a devolução e veio a confusão.

O mercado é bruto e amplo. Para alguns, é até sedutor. Mas, são poucos os que têm segurança no resultado.

Portanto, é tempo de perder os cabelos, descer do salto, honrar compromissos e até sair do armário em nome do voto.

Certamente, até o dia 2 de outubro vai ter gente dormindo eleito, mas não sabe mesmo como acorda no dia seguinte. Afinal, o meio não é para inocentes.

Sem dúvidas o ramo é muito fértil,  mas também perigoso.

E a fiscalização é outro papo.