O jornal norte-americano The New York Times traz em sua edição desta quarta-feira (31) uma matéria sobre o impeachment da presidente do Brasil afastada Dilma Rousseff.
O texto do NYT inicia lembrando que a última fotografia de Luiz Inácio Lula da Silva como presidente do Brasil, datada do dia 1 de janeiro de 2011, mostra ele descendo a rampa do Palácio do Planalto como um ser idolatrado e extremamente humilde, quando ignora a segurança e vai abraçar seus apoiadores na multidão que o aguardava.
O diário analisa que cinco anos e meio depois, o Senado do Brasil suspendeu provisoriamente a presidente Dilma Rousseff do cargo; e nesta quarta-feira (31), ela provavelmente será totalmente removida da presidência. Em meio a este declínio do Partido dos Trabalhadores, Lula voltou ao Palácio do Planalto para apoiar Dilma quando foi suspensa. Com os olhos cheios de lágrimas, ele disse a um amigo: “Eu não queria fazer parte dessa cena”. DE lá para cá o caminho de Lula, Dilma e seu partido têm se tornado cada vez mais complicado.
O jornal mais lido dos EUA relata que Lula, apesar de levantar uma bandeira de ética, está mais uma vez no centro de um escândalo de corrupção, o que acaba por enfraquecer a imagem de Dilma Rousseff diante do povo brasileiro. A deposição de Dilma significa que o vice-presidente Michel Temer se tornará oficialmente presidente do Brasil.
O editorial do New York Times Michel aponta que Temer é do PMDB, partido aliado do governo de Dilma até determinado momento, quando se voltou contra ela para iniciar o processo de impeachment. No entanto, o P.M.D.B. não é menos envolvido no caso da Petrobras do que as outras partes. A economia em estado grave, a indignação contra a corrupção, sucessivas e intensas manifestações populares levaram a uma mudança de governo, mas não na política brasileira.
A publicação norte-americana ressalta que Michel Temer assumiu como presidente interino em 12 de maio com um ministério formado somente por homens brancos. A imagem inicial foi de retrocesso, comprando com a grande diversidade da comitiva de Dilma e sendo ela a primeira mulher presidente do Brasil.
O jornal The New York Times afirma que para Dilma e seus aliados, o impeachment é uma tentativa de golpe, uma posição que gerou forte reação da esquerda. Ao contrário da renúncia do presidente Fernando Collor, que foi provocada por acusações de corrupção em 1992, a saída de Dilma deixa um rastro de ressentimento. Embora esteja mais fraco, o P. T. ainda é o único partido verdadeiramente popular. Em 24 de agosto, Lula foi apoiar Dilma em seu último ato como presidente. Ele foi para o Mato Grosso do Sul visitar um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra e a Central Única dos Trabalhadores, dois fortes movimentos organizados do PT. Voltando à base social que ajudou a começar a sua carreira política, Lula parece estar tentando recomeçar.
Para finalizar, o NYT compara que a camisa verde-amarela da seleção brasileira de futebol tem sido um emblema para os comícios de rua que favorecem o impeachment. Os participantes querem enfatizar seu patriotismo, mas a imagem das massas vestindo um uniforme da equipe de futebol também demonstra a grande diferença social dos que defendem a democracia e o futuro da nação. Eles agem como fãs que querem derrotar o oponente; como se estivessem ganhando um jogo, mas não ganharam o torneio. O PT deve se reinventar e sua estrela voltará a brilhar.