3 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

No lombo de um jegue, enfermeira combate a pandemia no interior

Monaliza Oliveira entrega os kits de prevenção a população montada em um jegue

Monaliza: de casa em casa entregando kits no lombo do jeguie

O terreno acidentado na zona rural de Boa Vista do Tupim (BA), na Chapada Diamantina, a 352 km de Salvador, não é empecilho para o trabalho da enfermeira Monaliza Oliveira, 31, que tem contado com os equídeos como aliados na prevenção ao novo coronavírus pelos grotões do município.

De acordo com a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia, Boa Vista do Tupim havia registrado apenas 4 casos confirmados em meio a uma população de mais de pouco mais de 18 mil habitantes.

No lombo de um jegue, cavalo ou mula, a profissional de saúde consegue chegar aos cantos mais remotos do município, sem o risco de ficar presa nos atoleiros durante a temporada chuvosa, como às vezes acontece com alguns colegas quando utilizam os veículos da prefeitura local.

Enfermeira há oito anos, Monaliza se desloca por quase uma hora de carro, desde o posto de saúde da família onde trabalha na sede do município, para realizar trabalhos preventivos no assentamento Aliança e na comunidade Trezentas, onde recorre aos transportes alternativos.

“A gestão municipal oferta veículos aos profissionais de saúde, mas os carros só chegam até certo ponto. Então, para dinamizar o atendimento, seja para aplicar uma vacina ou entregar kits com equipamentos de proteção contra o coronavírus, recorro a meios alternativos”, afirma a enfermeira.

O pacote organizado pela prefeitura contém máscaras reutilizáveis, além de álcool em gel para higienizar as mãos. “Os kits são acompanhados de orientações sobre como lavar as máscaras adequadamente e como se comportar nesse momento de pandemia”, diz.

A habilidade de montar equinos vem desde os tempos de infância, quando saía do sítio da avó paterna para ir à feira na cidade, distante 4 km. Nas redes sociais, a enfermeira também costuma postar fotos no lombo dos equídeos.

Segundo conta, o meio de transporte animal é comum tanto na sede do município quanto na zona rural, mas o que chama atenção dos moradores, frisa, é o fato de uma profissional de saúde utilizar esse recurso para atender aos pacientes.

É uma opção minha, pois tem muito a ver com meu próprio jeito de ser, de garota criada no interior”, afirma. “No trabalho, quando não uso o animal, pego carona de moto com algum colega ou vou a pé mesmo, para agilizar o atendimento onde o carro não chega.”, diz a enfermeira.

(Por Franco Adailton –Salvador, BA)