6 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Alagoas

‘Nordeste também é Brasil’: Deputados da ALE cobram Governo Federal no derramamento de óleo

A Marinha do Brasil informou que 900 toneladas de resíduos de óleo de origem ainda desconhecida foram retiradas das praias

Maragogi foi um dos municípios alagoanos atingidos pelas manchas de óleo

Durante a audiência pública para discutir o caso das manchas de óleo nas praias nordestinas, realizada nesta segunda-feira (21), deputados da Assembleia Legislativa de Alagoas cobraram uma maior envolvimento do Governo Federal para solucionar o problema que preocupa todos os nordestinos.

A Marinha do Brasil informou que 900 toneladas de resíduos de óleo de origem ainda desconhecida foram retiradas das praias do Nordeste. As manchas começaram a surgir no dia 30 de agosto, na Paraíba, e desde 2 de setembro o governo monitora o litoral da região. Até o momento, uma área de 2.250 km de costa foi atingida pelo material.

Ao final da audiência foi produzida a Carta de Alagoas, por sugestão do presidente do Parlamento, deputado Marcelo Victor, que irá levá-la, junto com os demais presidentes dos legislativos do Nordeste, ao Governo Federal, em Brasília, solicitando a adoção de providências urgentes para combater o desastre ambiental que vem ocorrendo há mais de um mês em toda a costa nordestina.

Deputados

O deputado Inácio Loiola observou que apesar de toda tecnologia disponível, ainda não se chegou a causa do derramamento de óleo, que atingiu toda a costa nordestina. Segundo ele, as causas ambientais ainda estão sendo tratadas em terceiro plano.

“O derrame de óleo está prejudicando uma das principais atividades econômicas do Nordeste, o turismo, afetando a pesca como todo mundo sabe e, até o presente momento, não se sabe de nada. Só especulação. Isso que estamos vivenciando é no litoral, no mar. É competência do Governo Federal. Temos que alertar, mostrar que a responsabilidade é do Governo Federal. Isso é competência dele, que está no Japão, não dando o mínimo valor ao maior crime ambiental do litoral do Nordeste”. Inácio Loiola (PDT).

O deputado ressaltou que o Parlamento alagoano, liderado pelo presidente do Legislativo Marcelo Victor, está imbuído em solucionar o mais rápido possível esse problema.

A deputada Fátima Canuto também se posicionou e contou que em visita ao município de Japaratinga, foi prestar apoio ao prefeito da cidade. Canuto disse que apesar de tudo, de toda dificuldade econômica, o prefeito, com a ajuda do Grupo Técnico de Acompanhamento (GTA) das manchas, segue trabalhando para limpar as praias do município.

“É pouco, em virtude do tamanho do desastre ecológico na região. Eu sei que a maior quantidade de óleo já foi retirada, soube que pelo menos 302 toneladas do produto já saíram das praias de Japaratinga. Duzentos ou trezentos mil reais para um município como Japaratinga pesa muito. Então precisamos pensar nisso, porque responsabilidade social não é apenas do Governo do Estado, mas do Governo Federal também. E os manguesais do municípios também estão sendo atingidos pelo petróleo”. Fátima Canuto (PRTB).

Para o deputado Francisco Tenório, o Governo Federal não estaria dando a devida atenção que o caso requer e não teria se dado conta do tamanho do desastre que os estados nordestinos estão vivenciando.

“De onde ele estiver, pode dar atenção, assim como o fez no caso das queimadas da Região Norte. Será porque é o Nordeste de nove governadores que não o apoiam na sua ação política? Será que é por isso que está dizendo assim: deixem que esses paraíbas se virem? É preciso alertar ao Governo Federal para que veja que o Nordeste também é Brasil”. Francisco Tenório (PMN).

O Dudu Ronalsa informou que amanhã apresentará um requerimento, solicitando à Federação dos Pescadores de Alagoas que lhe encaminhe a relação dos pescadores que estão sendo prejudicados por causa do desastre ambiental.

A deputada Flávia Cavalcante, por outro lado, demonstrou preocupação com a saúde das pessoas que estão trabalhando de forma voluntária na limpeza das praias. Isto porque elas estão trabalhando sem equipamentos de proteção devidos.

“A minha preocupação é com o impacto que esse produto possa causar à saúde dessas pessoas que estão ajudando nessa limpeza”, disse. “Eles estão nesse voluntariado e já vimos o que esse óleo pode causar ao ecosssistema”. Flávia Cavalcante (PRTB).

Contrária ao decreto de situação de emergência no Estado, pois de acordo com relatório do Instituto do Meio Ambiente, das 23 praias contaminadas com o petróleo, apenas três estão sendo consideradas impróprias para o banho, o deputado Davi Davino Filho disse ter ficado feliz com a união de todos em prol da limpeza das praias

“Uma sugestão é que os municípios atingidos com as manchas de óleo decretem situação de emergência, assim como fez Coruripe”. Davi Davino Filho (PP).

De acordo com a deputada Jó Pereira, é notório o esforço que o Ibama e a Marinha do Brasil estão empreendendo para equacionar a situação, mas é de opinião que é preciso avançar.

“E esse avanço está acima da vontade dos servidores públicos federais envolvidos no processo”, disse. “É o esforço político de mostrar a importância de salvar o litoral nordestino. Esse é o clamor desta Casa”. Jó Pereira (MDB).

Na mesma linha, o deputado Marcelo Beltrão disse que não consegue imaginar o porque da origem desse óleo ainda não ter sido identificada.

E apenas os deputados Silvio Camelo (PV) e Cabo Bebeto (PSL) defenderam o presidente da República, Jair Bolsonaro. O argumento de que Executivo Nacional tem atuando de forma sistemática através dos órgãos federais, como Ibama e Marinha.