Por Wagner Melo, jornalista
Falam que o povo do Nordeste não sabe votar, mas…
Basta dar uma olhadinha na lista de eleitos para a Câmara Federal por São Paulo para ver como a hipocrisia é gritante. Um dos mais votados é um ex-ator pornô, que fez até cenas com travestis, envolvido nas mais baixas polêmicas. Com esse “currículo” ele se apresenta para defender a família, a moral e os bons costumes.
Não há problema com quem transa com travestis. Mas com quem os usa e depois vem com discurso moralista, sim. Ao que parece, o povo não sabe para que serve um deputado. Tiririca, que ganhou mais um mandato, até agora não sabe. Aliás, qual a contribuição dele para a sociedade brasileira nesses anos?
Política é coisa séria, mas a idolatria a um político, candidato à Presidência da República marcado por apresentar soluções discriminatórias, violentas e simplistas, revela que muita gente está doente do espírito.
Vejo nordestinos, nas redes sociais, compartilhando asneiras contra os próprios irmãos. Dizem que somos burros, iletrados e esfomeados, por isso, tiramos o pirulito da boca dos nazifascistas. Reforçam estereótipos contra seu próprio povo. O tesão pelo “mito” é maior que o amor próprio dessa gente.
Não sabem como são antidemocráticos, ao desrespeitarem as escolhas alheias. Muita gente de classe média, esclarecida, votou em candidatos progressistas. Porque se trata de uma questão de inteligência emocional e de humanidade.
O PT cometeu erros gravíssimos e tem sua parcela de culpa nesse turbilhão em que o Brasil se afunda. Mas, do outro lado, não há santos, apenas discurso moralista. Mesmo cercados, não temos a alternativa da isenção.
Em termos de sede pelo poder e corrupção, todos são iguais. Enquanto o povo não melhorar o voto nos congressistas, isso não mudará. Porém, neste momento vergonhoso de nossa História, a escolha é entre a corrupção com civilização e a corrupção com a barbárie.
Triste.