O turismo sexual revela uma das faces mais cruéis da exploração da nossa miséria, do nosso fracasso enquanto país. Ela rouba infâncias. Tira vidas.
Sim. Pedófilos vêm ao Brasil com o intuito de pegar “novinhas”. Aliás, a imagem das brasileiras como mulheres “fáceis”, no exterior, é uma realidade.
É difícil, mas existe um trabalho para reverter esse conceito equivocado. Digo difícil porque o mandatário maior da nação acaba de vomitar mais uma asneira:
“Quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade. Agora, não pode ficar conhecido como paraíso do mundo gay aqui dentro”, afirmou, durante café da manhã com jornalistas.
O cidadão, cujo nome não gosto nem de pronunciar, escancarou as portas do Brasil para quem nos enxerga como antro de turismo sexual. E foi hostil com um público (LGBT) que injeta US$ 26,8 bilhões na economia brasileira, segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT).
De acordo com reportagem do Estadão, pesquisa sobre perfil do turista LGBT de 2016, divulgada durante o Fórum de Turismo LGBT, revela que este público realiza, em média, quatro viagens por ano; 45% deles viajam ao exterior todos os anos (a média nacional é de 9%); e tem gasto 30% maior em relação a outros viajantes.
A frase do cidadão despirocado gerou uma reação do bem. Governos estaduais, como o do Maranhão, lançou a campanha “O Maranhão está à disposição dos turistas. A mulher maranhense, não”.
“Dizemos não à propaganda de turismo sexual. O Maranhão está à disposição, mas não para exploração sexual de mulheres”, reforçou o governador Flávio Dino, em sua rede social, que traz outra mensagem positiva: o Estado está de portas abertas para os turistas, sem distinção.
Em Alagoas, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também se manifestou contra a descalabro e divulgou um card em que ressalta o que temos de melhor para receber visitantes. Salve!
É com amor, sensatez e inteligência que se combate o câncer do conservadorismo hipócrita. Chega de pessoas que se incomodam com o que o cidadão faz na sua vida privada, mas fecha os olhos para males como a exploração sexual – desde que seja cometida por héteros, “é claro”.
É desanimador, meus caros. Que sobrevivamos a esta fase em que a estupidez é motivo de orgulho.