3 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
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O recado de uma geração feminina que aprendeu a usar chuteira

É preciso investir nas categorias de base, senão, quem irá substituir nossas talentosas jogadoras?

Encerrada neste domingo, com a conquista de mais um título para a seleção dos Estados Unidos, a Copa Mundial de Futebol Feminino deixou um recado forte e o ensejo de uma reflexão que não pode continuar sendo ignorada no país do futebol e da Rainha Marta – seis vezes eleita a melhor jogadora do mundo -; na pátria de Formiga, Cristiane e da talentosa goleira Bárbara.

Já está mais que na hora de reforçar investimentos nas categorias de base e dar mais visibilidade ao futebol feminino, valorizando e promovendo campeonatos equivalentes aos  que são feitos com as equipes masculinas, do jeito que as nossas guerreiras  merecem.

É hora de apostar mais firmemente no presente, com um olhar aguçado e persistente no futuro. Senão, quem irá substituí-las, quando essas meninas do Brasil pendurarem as chuteiras?

Marta, Formiga e Cristiane: fotos de Lucas Figueiredo – CBF

Recado dado pela própria Marta, dias atrás, num desabafo feito após a partida que eliminou o Brasil, nas oitavas de final do Mundial da França: “Não vai ter uma Marta para sempre; não vai ter uma Formiga para sempre; não vai ter uma Cristiane para sempre. O futebol feminino depende de vocês! Valorizem mais”.

Um apelo reforçado pelas jogadoras Mônica, Érika, Tamires e Cristiane, em comentários feitos durante a partida de ontem, entre Estados Unidos e Holanda, na final do campeonato.

O ciclo dessa geração cheia de garra, que foi à luta e conquistou seu espaço no mundo das chuteiras, vai se fechando aos poucos e em breves anos terá que ser renovado. Uma pena, mas é assim que a vida segue.

E de onde virão os novos talentos? Que estrutura encontrarão? Que barreiras ainda terão que derrubar?

É preciso investir na formação de novas atletas. E não há outra forma de traduzir esse investimento, que não seja a partir das categorias de base, abrindo oportunidades, mostrando e assegurando a essa meninada que tem talento com a bola, que há um futuro à sua espera. 

Um futuro onde a barreira do preconceito não continue suplantando sonhos; e a igualdade de tratamento e de condições remova a cortina que insiste em manter a beleza e o talento do futebol feminino em segundo plano.

É hora de abrir a cortina; encarar essa mudança.

Senão, quem irá, de fato, substituí-las?