2 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
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O velho problema dos camelôs no Centro da cidade. Vale sugestão?

Há muito, as calçadas e calçadões do Comércio vêm se tornando uma verdadeira feira livre. Que tal transformar os limões em limonada?

Não que estejamos querendo ser chatos, mas, cobrar é preciso. Há algum tempo estamos alertando sobre o caos em que se transformou o Centro de Maceió, com calçadas e calçadões ocupados – loteados – por camelôs em todas as horas do dia com todo tipo de produtos, suportes e gritarias.

Eles chegam cedo…
… E ocupam ruas e calçadas

Às 7h da manhã, antes mesmo de o comércio abrir, eles já estão chegando, com suas bancadas, carros de mão, bacias, lonas, ocupado o espaço do pedestre, desordenadamente. E o grande problema nem é mais a venda de confecções e eletrônicos. O que mais se destaca na atual feira livre do Centro é o comércio dos chamados ‘hortifrutis’.

Problemas estéticos? Sim! É muito feia a forma desordenada como isso ocorre. Problemas com os lojistas? Também! Eles pagam impostos – e são muito elevados, já que estamos (os brasileiros) entre as maiores tributações do mundo – e além de ver a concorrência se instalar na sua calçada, às vezes não têm direito sequer à passagem livre em frente à porta para que o cliente entre em sua loja. Perdem consumidores.

Mas não é só isso. O que grita, mesmo, nessa ocupação das ruas e calçadas do Comércio é o barulho infernal das vozes dos vendedores ambulantes anunciando seus produtos; a desorganização do Centro; e o enorme prejuízo à acessibilidade, mais um sintoma relevante dessa grave doença pública que se chama descaso.

O problema afeta a todos que se aventuram em circular pelo centro comercial de Maceió, sobretudo os cadeirantes e demais pessoas com dificuldade de locomoção. Além de não terem muitas opções de rampas para acesso às calçadas, sofrem com o desafio de dividi-las com ambulantes e suas mercadorias e o risco de escorregar nas cascas de alguma fruta displicentemente jogadas por compradores sem compromisso com o correto. De maneira geral, o espaço ficou pequeno para os transeuntes, principalmente em horários de pico.

O problema é antigo, considerado crônico e tem um grande apelo social, já que os vendedores ambulantes são também trabalhadores, que às vezes investem o dinheiro de uma indenização trabalhista, ao se verem desempregados, para empreender uma alternativa de autossustento.  Não são criminosos e não merecem ser tratados como tal, em perseguições ultrarradicais que machucam sua dignidade, expondo-os ao constrangimento público e à perda dos produtos comprados com grande sacrifício.

Resta saber, então, como tratar esse assunto…

Se a guerra eterna entre camelôs e fiscais nunca deu resultados eficientes e duradouros, o jeito é buscar formas de conviver com isso da melhor maneira possível.

TEM JEITO?

Tem! E podemos discorrer sobre algumas opções que poderiam ser estudadas para transformar esses limões, em limonada.

1. Por exemplo, por que tantos prédios públicos vazios e abandonados, no Centro de Maceió, com tantos ambulantes precisando de um local seguro para comercializar suas mercadorias? Em outras cidades existem mercados de frutas, verduras e assemelhados instalados em antigos prédios públicos, ofertando beleza e serviço e atraindo clientes ao centro comercial. Além de garantir a revitalização e manutenção desses prédios.

Fotos: Armando Durval / Cortesia

2. Vamos partir do pressuposto de que, se os ambulantes invadem o Centro, é porque têm clientela para seus produtos. Muita gente reclama, como eu, mas confesso que às vezes até gosto da comodidade de comprar o meu inhame, o tomate, a macaxeira, numa visitinha ao Centro, no final do expediente. Então, por que não se discutir – a Prefeitura, em conjunto com os lojistas e ambulantes – a definição de um horário para que o comércio agregue um espaço de feira livre? Seria inovador, por que não? Quem sabe das 16h às 19h, ali mesmo, no calçadão, de forma ordenada, atrativa e fiscalizada! Assim, não esvaziaria o Mercado durante o dia, e não atrapalharia tanto os lojistas nem os consumidores. Quem fosse ao Centro, saberia que, nesse horário, poderia fazer suas compras nas lojas e adquirir produtos na feira livre.

3. Mas, se ainda assim, a ordem é proibir, que seja no nascedouro, evitando aqueles espetáculos grotescos e deprimentes de guerra entre fiscais, guardas municipais e camelôs. Que sejam colocados, logo cedo, e durante todo o dia, na entrada das ruas de acesso ao Centro, guardas municipais para impedir a entrada de carrinhos, tendas e bancas de camelôs.

Ficam as dicas.