8 de outubro de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Operação da Polícia Federal tem doleiros como principais alvos

Esquema teria movimentado mais de 1,6 bilhão de dólares envolvendo mais de 3.000 offshores em 52 países.

Policiais federais fazem nesta quinta (3) uma operação contra doleiros no Brasil e no Uruguai. Estão sendo cumpridos mandados de prisão preventiva e temporária no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Distrito Federal e no país vizinho. O esquema teria movimentado mais de 1,6 bilhão de dólares.

Segundo a Polícia Federal, estão sendo cumpridos 49 mandados de prisão preventiva, incluindo seis no exterior, além de quatro mandados de prisão temporária e 51 de busca e apreensão. Os mandados foram expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.

De acordo com o Ministério Público Federal, que também participa da chamada Operação Câmbio, Desligo, a ação visa desarticular um esquema de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e organização criminosa.

Doleiros dos doleiros

O principal alvo é Dario Messer, filho do doleiro Mardko Messer, espécie de mentor de Claret e Barbosa na década de 1980. Ele era o responsável por dar lastro financeiro às operações da dupla, recebendo a maior fatia do lucro do grupo.

Claret e Barbosa detalharam em delação premiada como funcionava um sistema que reunia doleiros de todo o país que movimentou cerca de US$ 1,6 bilhão (o equivalente a cerca de R$ 5,292 bilhões) envolvendo mais de 3.000 offshores em 52 países.

Claret e Barbosa são descritos como “doleiros dos doleiros” pelo Ministério Público Federal. Os dois operavam o dólar-cabo desde a década de 1980, em agências de turismo da família Messer no Rio de Janeiro.

Em 2003, os dois decidem se mudar para o Uruguai a fim de fugir do monitoramento de autoridades financeiras do Brasil. No ano seguinte, eles “herdam” as operações da família Matalon, doleiros que atuavam em São Paulo. Ao acumular as duas maiores praças do mercado de câmbio, passam a ser considerados os “doleiros dos doleiros”.

Conhecido como Juca Bala, Claret já foi citado por executivos da Odebrecht, o corretor Lúcio Funaro e os doleiros Renato e Marcelo Chebar, que atuavam para o ex-governador Sérgio Cabral (MDB).

Claret e Barbosa foram presos em março do ano passado no Uruguai em decorrência da Operação Eficiência, feita com base na delação dos irmãos Chebar e que prendeu o empresário Eike Batista. Claret foi citado como tendo auxiliado na evasão de US$ 85,4 milhões de Cabral (equivalente a mais de R$ 282,4 milhões). Apenas uma fração de toda operação da dupla.