19 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Oposição chama de afronta o pacote de reoneração de Haddad

Via medida provisória, pacote do ministro revogará desoneração da folha promulgada no mesmo dia pelo presidente do Senado

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Foto Valter Campanato/Agência Brasil.

Deputados e senadores da oposição mostraram resistência ao pacote apresentado pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda) nesta quinta-feira (28) que prevê a reoneração gradual da folha de pagamentos, via medida provisória.

Integrantes do Planalto justificam a opção por medida provisória porque ela tem efeito tributário e, portanto, precisa ser apresentada no ano anterior ao início dos efeitos.

Quando for publicada, a medida revogará a lei que renova a desoneração da folha promulgada nesta quinta pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

O senador Efraim Filho (União Brasil-PB), por exemplo, chamou de “afronta ao Congresso” o governo indicar que sua proposta será feita por meio de uma MP (medida provisória). Pra constar, ele foi o relator do projeto de desoneração da folha no Senado, vetado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – o veto foi derrubado pelos parlamentares.

“É uma afronta ao Congresso. É uma tentativa de impor uma agenda por meio de uma medida provisória numa matéria que o governo não teve votos suficientes no plenário. Não é por aí. Se o governo quer dialogar com propostas alternativas, o caminho seria um projeto de lei, não uma medida provisória, porque ela é uma imposição de agenda. Além de que traz um sentimento de insegurança jurídica para quem empreende e quem trabalha. Qual a regra que o trabalhador seguirá em 1º de janeiro”?

A deputada Any Ortiz (Cidadania-RS), que relatou o projeto na Câmara dos Deputados, também avalia que a medida sofrerá forte resistência dos parlamentares. O senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO), presidente da CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado, também apresentou ressalvas ao pacote anunciado pelo ministro da Fazenda, falando em “insegurança jurídica”.

O líder do PSB na Câmara, Felipe Carreras (PE), reclamou da falta do diálogo do governo antes de anunciar as medidas. Além da reoneração, a MP também deve prever mudanças na lei do Perse (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos) –que oferece benefícios para empresas aéreas e ligadas a entretenimento. “Todo mundo foi pego de calça curta. O mesmo vale para a reoneração”, avaliou o deputado.