28 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Blog da Graça Carvalho

Pânico: quando ficar preso por minutos no elevador equivale a 18 dias numa caverna

Especialistas alertam para a importância de manter a calma, enquanto a ajuda não chega

Meditação pode ajudar a manter a calma. (Foto: Internet)

O que são cinco, dez ou 20 minutos de agonia perto de 18 dias preso numa caverna úmida, isolada, com pouca água e comida? Pode parecer exagero, mas há inúmeras pessoas que se sentem à beira da morte só de pensar em passar alguns minutos enclausuradas em um elevador.

Verdadeiras cavernas dos centros urbanos, os elevadores, para algumas pessoas, só não são assustadores quando têm um “monge” dentro, ou melhor, um ascensorista. Sim, tem gente que só pisa em elevador com esse profissional que, em seu sobe e desce ininterrupto, até parece que jamais passou por alguma situação de pânico. No entanto, quase não há mais “monges” nos elevadores.

A jornalista Mônica Lima (52 anos), por exemplo,  há muitos anos prefere enfrentar os lances de escada a encarar o elevador, mas nem sempre foi assim. Ela conta que passou a ter esse pavor, após ficar três vezes presa em elevadores, dois deles em prédios públicos  antigos do Centro de Maceió.

“Minha pressão subiu, veio o calor e o desespero. Muito difícil”, lembra Mônica, mas conta que, há uns três anos, numa situação limite, em Salvador, encarou nada mais, nada menos, que o Elevador Lacerda, aquele famoso ponto turístico baiano, construído em 1873. Lá, não havia como encarar escadas.

Superação do medo

Situações limites podem  mesmo fazer as pessoas superarem o medo e realizar algo que não fariam em condições normais. Deve ter sido esse o caso dos  12 garotos  tailandeses integrantes do time de futebol Javalis Selvagens e seu técnico Ekapol Chanthawong, que ficaram 18 dias presos numa caverna caverna úmida, isolada, com pouca água e comida.

Alguns deles, não sabiam nadar e nunca haviam mergulhado. Segundo a imprensa internacional,  tiveram aulas emergenciais lá mesmo para encarar os equipamentos de mergulho indispensáveis ao seu salvamento. Uma operação extremamente delicada, mas, felizmente, bem sucedida, embora tenha ocorrido a morte de um dos mergulhadores voluntários.

Para o psicólogo alagoano Carlos Gonçalves, a postura tranquila do ex-monge Chanthawong, que, segundo a imprensa internacional, incentivou  o time à prática de meditação naquela situação crítica e até jejuou para economizar água e comida, foi fundamental ao equilíbrio do grupo.

“Numa situação de pânico, a primeira coisa que se perde é a capacidade de ouvir, impedindo a percepção clara de solução para o problema.  Sem isso, fica difícil até para receber ajuda, mas o adulto que estava entre eles, felizmente, soube conduzir a situação e evitar o pior”, avalia Gonçalves. Ainda assim, ele acredita que a curto, médio ou longo prazo, se não forem devidamente acompanhados, é possível que um ao mais dessas vítimas desenvolvam a síndrome de estresse pós-traumático.

Tem ar no elevador?

Voltando  às cavernas urbanas, o Blog ouviu  Paulo Lima, supervisor de operações em uma empresa de renome na área de elevadores, em Maceió. Ele garante: “ninguém morre por falta de ar em elevadores”. É que, ao serem instalados, é obrigatória a previsão de brechas que facilitam a circulação do ar. Sem contar que os alarmes e interfones ajudam na comunicação para o resgate.

Contudo, Lima adverte, sobretudo aos condomínios residenciais, que não é adequada a realização de resgate pelos porteiros ou outras pessoas que não tenham capacidade técnica para o socorro. “Melhor chamar os técnicos da empresa fabricante do elevador ou mesmo o Corpo de Bombeiros (193), para evitar acidentes”, alerta Lima, que tem mais de 25 anos de experiência nessa área.

Até o socorro chegar, evidentemente, assim como ficou bem entendido na lição do técnico tailandês Chanthawong, a ordem é meditar: aummmm…