25 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Pazuello será confrontado por Exército e CPI após evento com Bolsonaro

Ex-ministro da Saúde pediu para ser chamado na CPI e terá todas as chances de recorrer a habeas corpus, atestado ou passar mal novamente

O general Eduardo Pazuello fez sua escolha: o ex-ministro da Saúde endossou as mentiras que contou na CPI, ignorou uso de máscaras, pouco se lixou para a situação de pandemia no Brasil e se reuniu com o presidente Jair Bolsonaro e apoiadores em um ator de aglomeração no Rio de Janeiro.

Agora, deve arcar com as consequências. Seja na cúpula do Exército ou na CPI da Pandemia.

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Pazuello, no ato deste domingo (23), confirmou que obedece ao presidente (algo que jurou não fazer durante inquérito) e que não é a favor das máscaras ou do distanciamento social.

O ex-ministro subiu no carro de som onde estava o presidente Jair Bolsonaro, que discursou após um passeio de moto com apoiadores. O passeio começou por volta das 10h no Parque Olímpico e seguiu até o aterro do Flamengo, na zona sul do Rio, um percurso de 40 quilômetros.

Bolsonaro e Pazuello estavam sem máscara no carro de som. O presidente discursou e voltou a usar a expressão “meu Exército”, que já havia incomodado integrantes da cúpula da Força.

“Meu Exército jamais irá às ruas para manter vocês dentro de casa”. Jair Bolsonaro, presidente.

Exército

A participação do general no ato político de Bolsonaro fez aumentar a pressão para que ele vá para a reserva. O que já existia, de forma consistente desde sua demissão do ministério.

A avaliação é de que o general continua desgastando a imagem da Força e que pode, inclusive, ter desrespeitado o Regulamento Disciplinar do Exército ao participar de um ato político.

Como um general da ativa, Pazuello subiu num palanque, uma “decisão descabida”, segundo integrantes do Alto Comando do Exército, que enxergaram uma transgressão a normas básicas na caserna.

O comandante do Exército, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, deve avaliar o caso e decidir que providência será tomada. Integrantes do Alto Comando esperam uma avaliação e punição em curto prazo, diante da mensagem negativa que Pazuello passou a patentes inferiores ao subir num palanque político.

Foto: Sergio Lima/AFP

CPI

A presença de Pazuello no ato provocou perplexidade entre os parlamentares da CPI da Covid. Eles também foram surpreendidos por um pedido feito pelo próprio general para que a comissão o chame novamente para prestar depoimento.

O pleito deve ser atendido na próxima quarta-feira (26), quando os parlamentares vão analisar e votar uma fila de requerimentos. Além de Pazuello, é provável que o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, seja igualmente reconvocado.

A avaliação de membros da CPI é de que Pazuello pode optar por uma nova estratégia de defesa. Ao se aproximar do bolsonarismo “raiz”, participando de um ato público que provocou aglomeração em plena pandemia e sendo festejado por apoiadores do governo, o general ganharia o apoio e a simpatia da massa de seguidores da rede bolsonarista nas redes sociais.

Após o fracasso no período em que esteve à frente do Ministério da Saúde (entre maio de 2020 a março de 2021), Pazuello ficou isolado politicamente e passou a ser duramente criticado até mesmo dentro do Exército.

Por esse motivo, parlamentares entendem que o general pode estar ensaiando um movimento político, criando de vez raízes dentro do bolsonarismo.