Para verificar se houve diálogos e trocas de mensagens para combinar as versões, a Polícia Federal realizou a apreensão de telefones celulares de dirigentes da Polícia Rodoviária Federal.
Isso porque há indícios de que eles teriam combinado versões nos depoimentos prestados nesta semana, com o objetivo de blindar o ex-diretor da corporação Silvinei Vasques.
Silvinei foi preso preventivamente na última quarta-feira (9). Naquele mesmo dia, a PF colheu depoimentos de cerca de 50 dirigentes da PRF da gestão anterior, que teriam participado de uma reunião para planejamento da realização de blitze no segundo turno.
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Essas blitze dificultaram a participação de eleitores em regiões onde o petista Luiz Inácio Lula da Silva tinha mais votos. e a PF obteve indícios de que, nessa reunião, Silvinei teria traçado um direcionamento político na ação da corporação com o objetivo de favorecer o candidato Jair Bolsonaro, seu aliado.
Mesmo assim, o advogado Eduardo Simão afirmou que seu cliente não cometeu irregularidades no cargo e descartou a possibilidade de ele realizar um acordo de delação premiada, pois isso seria “para bandido”. Silvanei passou mal durante o depoimento ontem, que precisou ser interrompido até que sua pressão baixa se normalizasse.
Depoimentos
Como diversos dirigentes ouvidos em depoimento na quarta-feira (9) relataram que não se lembravam dos temas tratados na reunião convocada por Silvinei, os investigadores decidiram apreender aparelhos celulares desses integrantes da PRF.
Caso a apuração obtenha elementos indicativos de que eles mentiram, os integrantes da PRF poderão responder por crimes como falso testemunho ou obstrução de Justiça.
Na fase inicial da investigação, a PF já havia começado a suspeitar de contradições e omissões nos depoimentos dos dirigentes da PRF. Foi graças a isso que a investigação colheu elementos mais concretos sobre os desvios na operação das eleições.
No fim do ano passado o ex-coordenador de análise de inteligência da PRF Adiel Alcântara, e a ex-chefe do serviço de análise de inteligência Naralúcia Dias, investigadores decidiram apreender seus celulares para verificar a veracidade dos seus relatos.
Foi nos diálogos de celular que a PF detectou os indícios mais robustos de irregularidades na reunião. Em mensagens, Adiel afirmou a um colega que Silvinei “disse muita merda” e citou ordem para “policiamento direcionado”.