No inquérito da Polícia Federal, que investiga a obstrução da investigação sobre a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL), o ex-deputado estadual Domingos Brazão é citado entre os suspeitos de ser um dos “possíveis mandantes” do crime.
Fontes ligadas ao caso confirmam que essa é uma das linhas de apuração que constam no inquérito da DH (Delegacia de Homicídios da Capital), afirma o UOL. A PF investiga o trabalho da Polícia Civil após pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, ao surgirem suspeitas de que haveria ações para desviar o foco das investigações.
Pesava sobre Brazão apenas a suspeita de plantar uma testemunha para incriminar o vereador Marcelo Siciliano (PHS), adversário pela hegemonia eleitoral em áreas da zona oeste do Rio dominadas por milícias.
Ex-parlamentar e conselheiro afastado do TCE-RJ (Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro), Brazão foi alvo de um mandado de busca e apreensão cumprido por agentes da PF no último dia 21 de fevereiro. Ele chegou a prestar depoimento à DH, onde negou qualquer relação com o caso.
O advogado Ubiratan Guedes reiterou que “seu cliente nega qualquer envolvimento nas mortes de Marielle e Anderson”. Durante sua trajetória política pelo MDB, Brazão teve problemas com a Justiça. A situação se complicou em 29 de março de 2017, quando quatro conselheiros do TCE-RJ e Brazão foram presos durante a deflagração da Operação Quinto do Ouro.
Eles são acusados de recebimento de propinas de empresários para não fiscalizarem obras e uso de verbas públicas do governo do Rio de Janeiro. O processo corre no STJ. Solto pouco depois, o grupo está afastado do tribunal desde então.
Em 2014, respondeu por quebra de decoro parlamentar ao chamar Cidinha Campos puta, vagabunda e afirmar que “mandava matar vagabundo, mas vagabunda, não”.
“Matei, sim, uma pessoa. Mas isso tem mais de 30 anos, quando eu tinha 22 anos. Foi um marginal que tinha ido à minha rua, na minha casa, no dia do meu aniversário, afrontar a mim e a minha famélia. A Justiça me deu razão”. Domingos Brazão, após negar ameaçar deputada em 2014.
Caso Marielle
A Polícia Civil do Rio de Janeiro classificou os assassinatos como um “crime que foge à regra”. O delegado Giniton Lages, da Delegacia de Homicídios, disse que as prisões dos suspeitos de serem o atirador e o motorista do veículo são apenas a “primeira fase” das investigações. Segundo ele, a motivação ainda não foi elucidada. “Nada está encerrado”, disse o delegado.
De acordo com as investigações, o sargento reformado Ronnie Lessa foi o autor dos disparos e o ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz, expulso da corporação, conduzia o veículo. Os investigadores tentam descobrir quem foi o mandante da execução.
Lessa foi preso por volta das 4h30 no condomínio onde mora, na Barra da Tijuca, o mesmo onde vivia o presidente Jair Bolsonaro antes de ser empossado. Também são cumpridos mandados de busca e apreensão de armas, computadores, celulares e munição, entre outros objetos, em 34 endereços.
O delegado, no entanto, afastou, neste momento, ligação entre a família do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e o policial militar reformado Ronnie Lessa. Mas o link será feito no momento oportuno:
“O fato de ele morar no condomínio do Bolsonaro não diz muita coisa, não, para a investigação da Marielle. Isso nós imaginávamos que esse link fosse feito, mas ele não tem uma relação direta com a família Bolsonaro”. Giniton Lages, delegado do caso Marielle.