7 de outubro de 2024Informação, independência e credibilidade
Policia

PF: Delegacia do Caso Marielle foi corrompida

A PF agora apura se houve obstrução à investigação sobre a morte da vereadora Marielle e seu motorista

A Polícia Federal encontrou provas de corrupção praticada por membros da DH (Delegacia de Homicídios da Capital), que impediram o esclarecimento da autoria de assassinatos que envolvem milicianos do “Escritório do Crime” e integrantes da máfia do jogo do bicho no Rio de Janeiro.

A PF agora apura se houve obstrução à investigação sobre a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, em 14 de março de 2018. Ao menos dois delegados estariam na folha de pagamento do “Escritório do Crime” e s propina era paga na própria sede da DH, localizada na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.

Após a conclusão do Caso Marielle, os policiais federais vão focar no desbaratamento da relação promíscua que une integrantes do crime organizado e agentes da segurança pública do estado.

Pelo menos oito inquéritos da DH estão sob análise da PF por determinação da PGR (Procuradoria-Geral da República). Além do caso Marielle, também estão submetidas à varredura federal as investigações sobre as execuções de dois herdeiros de clãs da máfia do jogo do bicho: Hayton Escafura e Myro Garcia, assassinados em 2017. Esses e outros crimes são atribuídos à milícia conhecida como “Escritório do Crime”.

Caso Marielle

Em operação conjunta com o Ministério Público, a Delegacia de Homicídios do Rio prendeu em março um policial militar e um ex-policial suspeitos de participar do assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol) e de seu motorista, Anderson Gomes.

De acordo com as investigações, o sargento reformado Ronnie Lessa foi o autor dos disparos e o ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz, expulso da corporação, conduzia o veículo. Os investigadores tentam descobrir quem foi o mandante da execução.A Polícia Civil do Rio de Janeiro classificou os assassinatos como um “crime que foge à regra”. O delegado Giniton Lages, da Delegacia de Homicídios, disse que as prisões dos suspeitos de serem o atirador e o motorista do veículo são apenas a “primeira fase” das investigações. Segundo ele, a motivação ainda não foi elucidada. “Nada está encerrado”, disse o delegado.

Lessa foi preso por volta das 4h30 no condomínio onde mora, na Barra da Tijuca, o mesmo onde vivia o presidente Jair Bolsonaro antes de ser empossado. Também são cumpridos mandados de busca e apreensão de armas, computadores, celulares e munição, entre outros objetos, em 34 endereços.

O delegado, no entanto, afastou, neste momento, ligação entre a família do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e o policial militar reformado Ronnie Lessa. Mas o link será feito no momento oportuno:

“O fato de ele morar no condomínio do Bolsonaro não diz muita coisa, não, para a investigação da Marielle. Isso nós imaginávamos que esse link fosse feito, mas ele não tem uma relação direta com a família Bolsonaro”. Giniton Lages, delegado do caso Marielle.