19 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

PF diz que provas apontam Pazuello como um dos articuladores do golpe

A informação foi veiculada pelo jornal O Globo, após ter acesso a relatório da Polícia Federal

O general Pazuello em manifestação política ao lado do presidente Jair Bolsonaro, dias após mentir na CPI do 8 de janeiro

O general Eduardo Pazuello, que foi eleito deputado federal pelo Rio de Janeiro, é apontado pela Polícia Federal, após as investigações, como um dos organizadores do golpe de Estado, proposto pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), após perder as eleições de 2022 para Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Segundo o jornal O Globo, o relatório da PF descreve conversas por aplicativo e registros de entrada no Palácio do Alvorada como indício de que o militar defendeu a adoção de medidas para impedir a posse do presidente Lula. Procurado, o deputado não se manifestou.

O jorna diz ainda que um dos elementos citados pela PF é um áudio gravado em 8 de novembro de 2022 no qual o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, relata a um interlocutor que o então presidente estava recebendo visitas “no sentido de propor um ruptura institucional” e “pressioná-lo a tomar medidas mais fortes para reverter o resultado das eleições”.

A PF concluiu que a mensagem foi enviada ao então comandante do Exército, general Freire Gomes. O comandante é apontado nas investigações da Operação Tempus Veritatis como uma das figuras do Alto Comando das Forças Armadas a se opor a qualquer tentativa de ruptura democrática.

“O cenário apresentado por Mauro Cid ao general Freire Gome, na data de 08 de novembro de 2022, já demonstra uma atuação do atual deputado federal, o general Eduardo Pazuello, no sentido de propor uma ruptura constitucional, com fundamento em uma interpretação anômala do art. 142 da Constituição Federal”, afirma a PF.

O papel das Forças

Apoiadores de Bolsonaro difundiram antes mesmo da vitória de Lula a ideia de que o Artigo 142 da Constituição Federal, que regula o papel das Forças Armadas, podia ser usado como base para rejeitar o novo governo, por meio de uma intervenção militar. A interpretação é refutada por constitucionalistas.