A Polícia Federal encontrou imagens de um mapeamento de municípios onde o presidente Lula (PT) teve mais de 75% dos votos no primeiro turno, como consta o relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal que embasou a prisão de Silvinei Vasques, ex-diretor da PRF (Polícia Rodoviária Federal).
Elas estavam no celular da ex-diretora de Inteligência Marília Ferreira de Alencar, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, que estava sob tutela de Anderson Torres.
Marília participou da Operação Eleições, em que blitze foram realizadas no dia do segundo turno das eleições do ano passado e atrasaram a chegada de eleitores nos seus locais de votação.
A imagem acima foi uma das utilizadas em reunião com Silvinei Vasques, então diretor da Polícia Rodoviária Federal, que foi preso hoje por suposta interferência do órgão no pleito eleitoral – o ministro Alexandre de Moraes, viu conduta “gravíssima” e “ilícita.
Silvinei foi preso porque sua liberdade poderia “comprometer a eficácia das diligências”, uma vez que, mesmo aposentado, o ex-diretor da PRF ainda tem influëncia e “reverência” entre agentes.
Depoimento
Em depoimento à PF, Marília relatou que pediu a extração dos dados dos dois candidatos para confrontar com “partidos políticos dos respectivos prefeitos de cada município do Brasil inteiro, o que poderia caracterizar indicativo de compra de voto a depender do informe recebido”.
Também em depoimento, um analista de inteligência da coordenação-geral de Inteligência do ministério afirmou que recebeu a tarefa de Marília Ferreira de Alencar para levantar as cidades que concentrassem votação superior a 75% para os candidatos do segundo turno.
Apesar disso, ele afirmou aos investigadores que as blitze tinham como foco cidades e arredores onde o petista tivesse maior porcentagem de votos. “As ações da PRF seriam blitze em municípios ou próximas a municípios nos quais o então candidato Lula tivesse votação acima de 75%”, como consta em trecho de depoimento.
A investigação ainda chama atenção “pela forma como mencionam abordagens a ônibus e menção apenas à região Nordeste”.
Também aponta que agentes criticaram a conduta de Silvinei, “afirmando que o mesmo teria falado ‘muita merda’ (sic) nas reuniões de gestão, notadamente, ao que parece, determinando ‘policiamento direcionado’ (sic), corroborando com os elementos de prova que indicam as ações policiais visando dificultar ou mesmo impedir eleitores de votar”.