20 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Policia

PF monitorou entrega de dinheiro a motorista de assessor de Lira, demitido ontem

Luciano Cavalcante estava lotado na liderança do PP; exoneração foi divulgada nesta segunda

Durante a investigação de desvios em contratos de kit robótica, a Polícia Federal descobriu uma suposta transação de dinheiro envolvendo um motorista de Luciano Cavalcante, ex-auxiliar direto do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

Entre novembro de 2022 e janeiro de 2023, a polícia acompanhou e filmou ao menos uma dezena de idas do casal a agências bancárias e entregas de valores na capital federal, em cidades próximas e em Maceió. Vale constar que o mesmo veículo utilizado em Maceió foi utilizado por Lira e declarado ao Tribunal Superior Eleitoral na campanha de 2022, quando o deputado foi reeleito.

A entrega monitorada ocorreu em 17 de maio deste ano e foi realizada pelo casal Pedro Magno e Juliana Cristina, apontados pela PF como operadores da movimentação do dinheiro, cuja origem pode ser desvios nos contratos públicos investigados.

Dinheiro apreendido pela Polícia Federal durante operação que investiga fraude com kit robótica – Divulgação

Após os saques, o casal se deslocou até um hotel no Setor Hoteleiro Sul, na capital federal, e estacionou o veículo que eles estavam nas proximidades do bloco B. Ao chegar ao local, ainda segundo as gravações, Pedro saiu do carro e aguardou a chegada do motorista de Cavalcante.

Após deixar o carro, Wanderson entrou no hotel e foi até o apartamento de número 217. A PF foi atrás de informações sobre esse quarto do hotel e descobriu que naquele dia o hóspede era Luciano Cavalcante.

Para concluir que o apartamento era utilizado por Cavalcante, foram acessadas imagens do circuito interno do hotel que mostram ele no mesmo dia 17, no período da manhã, antes da suposta entrega de valores, chegando no local com o mesmo automóvel preto.

Exonerado

Cavalcante, que está sendo investigado no caso e foi demitido de seu cargo de assessor da liderança do PP na Câmara nesta segunda-feira (5). Ele e o motorista Wanderson Ribeiro foram alvo de busca e apreensão na operação Hefesto, realizada na quinta-feira (1º).

De acordo com a assessoria de Lira, a exoneração ocorreu a pedido de Cavalcante.

A investigação da PF sobre supostos desvios em contratos para compra de kit de robótica com dinheiro federal descobriu que o empresário Edmundo Catunda repassou R$ 550 mil à empresa que construiu a casa em que mora Luciano Cavalcante.

A família Catunda é aliada de Lira e um dos sócios da Megalic, empresa que ganhou os contratos do kit de robótica sob suspeita de desvios de dinheiro público.

.