20 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Policia

PF quebra sigilo de assessor de Lira e encontra grupo de Whatsapp sobre kit robótica

Luciano Cavalcante é suspeito de ter recebido dinheiro em hotel

A Polícia Federal revelou que Luciano Cavalcante, ex-assessor parlamentar e principal colaborador do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), exonerado na segunda-feira (5), estava envolvido em um grupo de WhatsApp chamado “Robótica Gerenciamento”.

A descoberta foi graças à quebra de sigilo do celular de Cavalcante. Nesse grupo, também estava presente a sócia da empresa Megalic, apontada como o pivô do esquema de supostos desvios de recursos públicos da educação.

Na semana passada, a Polícia Federal executou mandados de prisão e busca e apreensão contra aliados do presidente da Câmara, Lira, como parte de uma investigação sobre desvios em contratos para a compra de kits de robótica financiados pelo FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação).

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Os recursos foram direcionados por meio das chamadas emendas de relator, o orçamento secreto, que eram controladas pelo presidente da Câmara. As aquisições feitas em municípios de Alagoas, todas assinadas com a empresa Megalic, pertencente a aliados de Lira.

Edmundo Catunda é dono da empresa Megalic, vencedora de licitação do kit. Murilo Sergio Juca Nogueira Júnior, policial e empresário, é dono da picape emprestada a Lira e do cofre apreendido com R$ 4,4 milhões. Luciano Cavalcante é o principal assessor de Lira e exonerado após operação e Glaucia Cavalcante é esposa Luciano.

Tanto o presidente da Câmara quanto a empresa negam qualquer envolvimento em atividades ilícitas, mas segundo inquérito da PF, informações obtidas por meio do WhatsApp revelaram que o grupo “Robótica Gerenciamento” incluía Luciano Cavalcante, Roberta Lins Costa Melo (sócia da Megalic) e outras quatro pessoas.

A PF alega que Luciano teve contato com alguns dos suspeitos de realizarem entregas frequentes de dinheiro em espécie e que, em pelo menos uma ocasião, ele foi o destinatário de uma quantia sacada momentos antes em agências bancárias.

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O casal Pedro e Juliana é proprietário de várias empresas, algumas das quais não possuem sede física ou funcionamento efetivo, apesar de realizarem diversas transações financeiras entre si. Essas empresas receberam repasses significativos da Megalic e de seu sócio, Edmundo Catunda.

A investigação da PF também revelou que o casal realiza saques frequentes em dinheiro, sempre divididos em quantias abaixo de R$ 50 mil, em diferentes agências bancárias.

Essas retiradas são seguidas por entregas pessoais de valores a “possíveis agentes públicos e/ou pessoas envolvidas em contratos públicos”. Segundo a PF, essas entregas ocorreram em pelo menos cinco cidades: Brasília (DF), Luziânia (GO), Goiânia (GO), Florianópolis (SC) e Maceió (AL).

Outro lado

O advogado André Callegari, responsável pela defesa de Luciano Cavalcante, afirma que as imagens de entregas suspeitas “não mostram qualquer ato ilícito cometido pelos investigados, muito menos por Luciano, que nem mesmo aparece nelas”. Ele ressalta que os fatos serão devidamente esclarecidos durante o curso das investigações.

Callegari também está defendendo Wanderson e afirma que, até o momento, não existem provas concretas de qualquer conduta ilícita por parte do motorista, apenas imagens que não comprovam nenhum crime.

Em uma nota assinada pelo advogado Eugênio Aragão, a defesa da Megalic alega que há um “grave equívoco” nas suspeitas levantadas e que todos os contratos foram realizados de acordo com os parâmetros técnicos estabelecidos pelo Ministério da Educação e pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, seguindo um processo licitatório e garantindo ampla concorrência.

A nota enfatiza que o Tribunal de Contas da União não encontrou direcionamento ou preços incompatíveis.