22 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Justiça

Promotoria de Passo de Camaragibe pede prisão de médico acusado de violentar pacientes

Médico molestava as pacientes sob o pretexto de investigar se elas estavam ou não com alguma doença nos órgãos genitais

Os crimes eram praticados da mesma maneira: a vítima era despida dentro da unidade de saúde e, após vestir uma luva em suas mãos, um médico em Passo de Camaragibe molestava as pacientes sob o pretexto de investigar se elas estavam ou não com alguma doença nos órgãos genitais.

Esta má conduta do médico tem sido reiterada e três mulheres o denunciaram. As acusações serviram de base para o Ministério Público Estadual de Alagoas (MPE/AL) ajuizar uma ação penal contra esse profissional da área de saúde, que foi detido na manhã desta sexta-feira (29).

A denúncia de crime de violação sexual mediante fraude foi proposta pelo promotor de justiça Ary de Medeiros Lages Filho, titular da Promotoria de Justiça de Passo de Camaragibe. Todos os crimes aconteceram no posto de saúde de Marceneiro, povoado do município de Passo de Camaragibe.

O caso mais recente ocorreu em 1º de fevereiro deste ano, quando uma paciente buscou atendimento na unidade básica de saúde:

“Ela estava com uma dor na virilha e foi atendida pelo denunciado. Relatou o fato ao médico e, o mesmo, em vez de tomar as providências pertinentes ao caso, ludibriou-a, levantando a sua blusa, apalpando seus seios e tirando sua calcinha. Em seguida, ele colocou uma luva com gel e tocou o órgão genital da vítima, que questionou sobre a necessidade daquela conduta. O médico respondeu que estava tentando fazê-la expelir algum líquido que, por ventura, a paciente tivesse retido”. Trecho do MPE/AL, sobre procedimento que teria durado cerca de 40 minutos.

Em 2018, outra mulher procurou o mesmo posto de saúde, a fim de que o médico analisasse o resultado de um exame de abdômen total. Ele determinou que a paciente deitasse na maca, e começou a tirar a sua roupa, primeiro sendo a parte de cima, onde alisou os seios dela e, depois, a parte de baixo, deixando-a totalmente despida.

Determinou ainda que a vítima levantasse as pernas, colocou uma luva com gel e iniciou o ‘procedimento’, tendo passado, aproximadamente, uns 20 minutos manuseando a vagina da paciente, sob o pretexto de expelir um líquido.

O último caso relatado na denúncia ocorreu em 2014, nos mesmos moldes. A diferença é que, apesar de estar com um sangramento no nariz, o médico fez a vítima também tirar a roupa. “Ele sequer examinou o nariz da paciente, num comportamento claro de abusador sexual. E o agravante é que ela estava com sete meses de gestação à época do fato”, acusou o promotor.

Reincidência

Não é a primeira denúncia ajuizada contra Adriano Antônio da Silva Pedrosa. Ele já responde pela mesma conduta criminosa em 2 de julho de 2015. Isso demonstra que o denunciado vem praticando esse crime há anos.

O crime de violação sexual mediante fraude está previsto no artigo 215 do Código Penal Brasileiro e é consumado quando o acusado não se vale de violência ou grave ameaça para cometer o ilícito e, sim, de meios capazes de levar a vítima a erro ou mantê-la em erro. A pena de reclusão é de 2 a 6 anos.

Pedido de prisão

Com base nos relatos das vítimas, o Ministério Público, além de denunciar Adriano Antônio da Silva Pedrosa, também pediu a prisão do médico. Após o pedido do Ministério Público, o Juízo de Passo de Camaragibe decretou a preventiva do réu, que foi detido, na manhã desta sexta-feira (29), a caminho do trabalho. Ele foi encaminhado à delegacia regional de Matriz de Camaragibe.