7 de outubro de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

PSDB determina que Alckmin usará comerciais na TV para atacar Bolsonaro

Tucanos vão usar inserções no horário eleitoral para ‘desconstruir’ o adversário, sem prejudicar imagem de Alckmin

Os estrategistas do PSDB decidiram que as inserções da campanha do ex-governador Geraldo Alckmin, presidenciável do partido, na TV –  comerciais de 30 segundos no horário eleitoral no rádio e na TV – serão dedicadas para “desconstruir” a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL).

A ideia é utilizar locutores em off, entrevistas antigas e efeitos gráficos nessa tarefa, para detonar o candidato da direita. Tudo isso será feito sem Alckmin apareça como o responsável pelos ataques.

Alckmin vai para o ataque.

A avaliação no PSDB é de que o candidato do PT estará no segundo turno. Nesse cenário, o candidato do PSL é apontado como o principal adversário na disputa pela segunda vaga.

A campanha de Alckmin pretende usar boa parte das 12 inserções diárias a que ele tem direito no rádio e na TV para apontar contradições de Bolsonaro em sua trajetória.

Durante a preparação para o debate da TV Bandeirantes com os presidenciáveis na quinta-feira, auxiliares e aliados de Alckmin estavam divididos sobre a melhor estratégia no primeiro confronto direto da campanha. A maior parte do entorno do ex-governador defendia um embate direto com Bolsonaro logo na largada, mas o tucano resistia à ideia.

Fiel ao seu estilo, Alckmin testou todas as opções, mas deixou no ar qual seria sua escolha. Quando teve a palavra ao vivo, surpreendeu ao optar por acionar a ex-ministra Marina Silva, presidenciável da Rede. A escolha se repetiu em outras duas ocasiões. Esse episódio ilustra um dilema tático sobre a melhor forma de enfrentar o deputado do PSL, que tem direito a apenas um comercial a cada três dias.

Há quatro anos, a então presidente Dilma Rousseff usou seu poder de fogo na campanha à reeleição (a petista tinha a maior fatia do tempo de TV) contra Marina, então no PSB. A estratégia beneficiou o senador Aécio Neves (PSDB), que correu por fora e chegou ao segundo turno da disputa.

A discussão agora no entorno de Alckmin é sobre o tipo de munição a ser usada contra Bolsonaro. Parte de seus auxiliares avalia que seria um erro explorar suas posições polêmicas sobre ditadura militar, aborto, quilombolas e o grupo LGBT.

A leitura é de que isso não cola nele, com exceção das mulheres. Como as falas consideradas misóginas de Bolsonaro causam forte impacto no eleitorado feminino, esse caminho será explorado na TV.

A melhor forma de “desconstruir” Bolsonaro, disse um estrategista de Alckmin, é apelar para suas contradições, “deslizes éticos” (como receber auxílio-moradia tendo imóvel próprio) e falas ofensivas às mulheres.