6 de outubro de 2024Informação, independência e credibilidade
Justiça

Questão técnica anula julgamento dos ‘Irmãos Boiadeiro’

Uma estagiária lotada na 3ª Vara Cível da comarca de Maceió foi confirmada no Tribunal do Júri

Foi anulado pela Justiça de Alagoas o julgamento dos irmãos “Boiadeiro”. O motivo foi a apelação da defesa, que alegou a participação de uma estagiária do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL) no Tribunal do Júri.

Maria Eduarda Rabelo Trigueiros, estagiária lotada na 3ª Vara Cível da comarca de Maceió, foi confirmada em documento pela Gestão de Pessoas do TJ-AL. Isso levou à nulidade do julgamento, pois uma servidora do Poder Judiciário não poderia ter participado do julgamento na condição de membro do Conselho de Sentença.

Washington Luiz Damasceno Freitas, desembargador e relator do acórdão, acolheu a apelação. Ele ainda recomendou “a adoção de providências necessárias para a realização do julgamento pelo Tribunal do Júri, com a maior brevidade possível”.

Na decisão do relator Washington Luiz, Baixinho Boiadeiro vai continuar preso porque responde a outros crimes e Preto Boiadeiro e Thiago Pé de Ferro ganham liberdade com algumas restrições que podem, inclusive resultar na anulação de sua decisão. Os acusados devem atender a medidas cautelares:

  1. Comparecimento mensal em juízo, para informar e justificar atividades, mantendo seu endereço atualizado;
  2. Proibição de manter contato com pessoas relacionadas nos autos;
  3. Proibição de ausentar-se da Comarca, por mais de 08 (oito) dias, sem autorização judicial;
  4. Recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga;
  5. Monitoração eletrônica com raio no estado de Alagoas.

Boiadeiro

Em julgamento em fevereiro deste ano, a Justiça havia condenado os irmãos José Márcio Cavalcanti de Melo (Baixinho Boiadeiro), José Anselmo Cavalcanti de Melo (Pretinho Boiadeiro), e Thiago Ferreira dos Santos, conhecido como Pé de Ferro.

Ele foram condenados pelos crimes de duplo homicídio, em que foram vítimas Edivaldo Joaquim de Matos e Samuel Theomar Bezerra Cavalcante Júnior, e de tentativa de homicídio contra Theobaldo Cavalcante Lins Neto.

José Márcio deveria cumprir pena total de 45 anos e 10 meses de reclusão; José Anselmo Cavalcanti de Melo e Thiago Ferreira dos Santos e deveria cumprir pena de 58 anos e 4 meses de reclusão, cada um.

Os crimes ocorreram em maio de 2006, no município de Batalha (AL). Na época, Edvaldo e Samuel eram, respectivamente, segurança e cunhado do então prefeito de Batalha, Paulo Dantas – hoje deputado estadual.