7 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Record exibiu entrevista exclusiva com Bolsonaro durante debate na Globo

Campanhas de Fernando Haddad (PT), Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB) cogitaram recorrer conjuntamente ao TSE

Por quase 30 minutos, o candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, usufruiu de entrevista concedida à TV Record, durante o debate presidencial, que ao mesmo tempo era exibido pela TV Globo, na noite desta quinta (4).

Ele aproveitou para atacar Fernando Haddad (PT), seu principal adversário na disputa pelo Palácio do Planalto, e o Partido dos Trabalhadores. Os dois são os mais bem colocados nas pesquisas de intenção de voto e estão empatados tecnicamente nos cenários de segundo turno.

O capitão reformado do Exército já havia informdo que não iria ao debate por recomendações médicas. A entrevista ocorre quatro dias após o bispo Edir Macedo, dono da Record e fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, anunciar apoio ao candidato.

A entrevista de Bolsonaro começou às 22h05, exatamente o mesmo horário em que teve início o debate na TV Globo. Segundo dados prévios do Ibope, entre 22h05 e 22h32, a Record ficou em segundo lugar, com média de 12,2 pontos, contra 26 da Globo e 11,2 do SBT. Os números podem sofrer alteração na sexta-feira (5), quando o Ibope divulgar os dados consolidados.

As campanhas de Fernando Haddad (PT), Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB) cogitaram recorrer conjuntamente ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para impedir que a Record transmitisse uma entrevista com Jair Bolsonaro, presidenciável do PSL, no mesmo horário do debate presidencial da Globo, mas Ciro e Alckmin recuaram.

O objetivo de Bolsonaro é ter na Record sua “Fox News”, como dizem seus aliados em referência à emissora noticiosa americana que publica pontos de vista majoritariamente favoráveis ao presidente Donald Trump.

Fake news

Agindo de forma mansa e defendendo o Bolsa Família, ele afirmou que o PT é quem espalha notícias falsas sobre ele, que “há anos, nas redes sociais, vem alimentando a verdade”.

Ele reconhece ter um “exército de seguidores que acreditam” no que a campanha de Bolsonaro posta, mas diz não ter controle sobre eles e, por isso, não pode ser responsabilizado por possíveis fake news que poderiam estar sendo divulgadas por seus seguidores.

Indagado sobre a avaliação de atos como o #EleNão, o candidato os minimizou ao restringi-los a “artistas que há muito tempo vêm mamando na Lei Rouanet”.