3 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
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Reintegração já! Justiça seja feita aos demitidos da Gazeta

Além dos 15 demitidos pela TV Gazeta, após a greve dos jornalistas, mais de 40 trabalhadores deligados no ano passado, não receberam indenização.

Assembleia do Sindjornal, em apoio aos demitidos da TV Gazeta

O que faz um senador da Republica pensar que é o “dono do mundo”?  A impunidade? A truculência covarde dos asseclas de plantão, travestidos de ‘testas de-ferro’, prontos para acuar e massacrar trabalhadores que fazem o nome e a sustentação de suas empresas de comunicação? Ou a certeza de que a tal imunidade política tudo permite, tudo protege?

Durante nove dias seguidos, a sociedade alagoana assistiu, se engajou, torceu, colaborou como nunca com os jornalistas, numa greve histórica – considerada justa e legal pela Justiça do Trabalho – decretada após quase dois meses de tentativa de negociação para remover os patrões da ideia fixa de reduzir em 40% o piso salarial da categoria – hoje estabelecido em pouco mais de três salários mínimos.

A proposta inusitada dos patrões parecia o limite do absurdo patronal, mas não era.  Por unanimidade, o Tribunal Regional do Trabalho disse NÃO à redução do piso, reconheceu o direito constitucional de reposição salarial com base na inflação (embora num índice menor que as perdas sofridas), determinou estabilidade (cobertura salarial) de 3 meses aos grevistas e que os dias parados não fossem descontados.

Mas o senador, dono da TV Gazeta (Rede Globo) e outras empresas de comunicação, não está nem aí para as decisões judiciais, do mesmo jeito que nem parece preocupado com as ações penais da Lava jato, nas quais é reu. Em meio à programação de suas prolongadas férias em Miami, deu carta branca aos seus comandados, os pseudo-donos do poder nas empresas de Comunicação do grupo Arnon de Mello, para atropelar a decisão judicial e demitir 15 profissionais de uma só vez – dos bons!

Mais que isso, descontaram os 9 dias parados dos jornalistas, e sustaram o pagamento da vergonhosa bolsa de R$ 100, paga aos estudantes de jornalismo estagiários nas empresas. Restaram apenas os R$ 80 do vale transporte.

Reflexo da crise que alegam atravessar? Não! O nome disso é revanchismo, mesmo; vingança; picuinha pura. Os demitidos foram automaticamente substituídos por profissionais novatos, que não se importaram em furar a greve da categoria e são alvos fáceis da ganância dos patrões.

No final da tarde desta sexta-feira (5), após se reunir com o Sindicato e com os jornalistas demitidos, o Ministério Público do Trabalho mandou um oficial de Justiça entregar na TV Gazeta, uma advertência para que seja cumprida a determinação do TRT, e que os jornalistas demitidos sejam reintegrados.

Se eles cumpriram? Ainda não. Têm um prazo de 48h para fazê-lo. Caso contrário, o aviso do MPT deixa claro, inclusive para as outras empresas de comunicação do estado, que medidas punitivas serão tomadas, caso persista o descumprimento da decisão judicial.

Vale lembrar que no final do ano passado, as Gazetas demitiram, de uma só vez, mais de 40 profissionais. Mas, descumprindo acordo judicial, as indenizações estão pendentes até agora.

A categoria e a Justiça estão atentas a mais esse descumprimento. A luta por direitos constituídos não terminou com o fim de uma greve. Ela continuará sempre que houver ameaças de ludibriar a lei e os direitos garantidos aos trabalhadores.

Que justiça seja feita a todos os jornalistas demitidos!