Os nove militares envolvidos na morte do músico Evaldo Rosa dos Santos, cujo carro foi alvejado com 83 tiros em Guadalupe, na zona norte do Rio, e do catador de materiais recicláveis Luciano Macedo, no dia 7 de abril, foram liberados pelo Supremo Tribunal Militar. A votação no STM foi de 11 votos a 3.
O julgamento, interrompido em 8 de maio devido a um pedido de vistas do ministro José Barroso Filho, foi retomado hoje e o resultado preliminar contava quatro votos a favor da soltura dos militares e um contra.
Os militares envolvidos na ação foram denunciados pelo MPM (Ministério Público Militar) na Justiça Militar em 11 de maio, sendo réus pelos crimes de duplo homicídio qualificado, tentativa de homicídio qualificado e por não terem prestado socorro às vítimas.
Na última terça-feira (21), as viúvas de Evaldo e Macedo prestaram depoimento na Justiça Militar. De acordo com elas, os militares envolvidos na ação que matou seus maridos “debocharam” dos pedidos de socorro.
No entendimento do subprocurador-geral, não houve descumprimento das regras de engajamento porque “o homicídio aconteceu quando tentavam salvar um civil da prática de um crime de roubo”. Reforçando: foram 80 tiros contra um carro com inocentes.
Incidente
Foram precisos eis dias para o presidente Jair Bolsonaro (PSL) se pronunciar sobre imperdoável fuzilamento. Mas era melhor ter ficado calado, já que, segundo o presidente, o que aconteceu não foram assassinatos, mas sim um “incidente”.
“O Exército não matou ninguém, não. O Exército é do povo. A gente não pode acusar o povo de assassino. Houve um incidente. Houve uma morte. Lamentamos ser um cidadão trabalhador, honesto”. Jair Bolsonaro, presidente do Brasil.
A declaração do presidente foi durante inauguração do aeroporto de Macapá. Bolsonaro classificou o assassinato de Rosa como um “incidente”, declarou que o Exército “não matou ninguém” e que a instituição não pode ser acusada de ser “assassina”.
Evaldo estava no carro com a família, incluindo esposa, sogro e um bebê, voltando de um chá de bebê, quando foram surpreendidos com mais de 80 tiros de metralhadora. Ele morreu no local e duas pessoas ficaram feridas. Os disparos atingiram também o catador Luciano Macedo, que tentava socorrer a família, e morreu dias depois.