7 de outubro de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Supremo Tribunal Militar libera soldados que metralharam carro no Rio

Questionado, Bolsonaro disse que “o Exército não matou ninguém, o Exército é do povo e a gente não pode acusar o povo de assassino”

O músico voltava com a família de um chá de bebê

Os nove militares envolvidos na morte do músico Evaldo Rosa dos Santos, cujo carro foi alvejado com 83 tiros em Guadalupe, na zona norte do Rio, e do catador de materiais recicláveis Luciano Macedo, no dia 7 de abril, foram liberados pelo Supremo Tribunal Militar. A votação no STM foi de 11 votos a 3.

O julgamento, interrompido em 8 de maio devido a um pedido de vistas do ministro José Barroso Filho, foi retomado hoje e o resultado preliminar contava quatro votos a favor da soltura dos militares e um contra.

Os militares envolvidos na ação foram denunciados pelo MPM (Ministério Público Militar) na Justiça Militar em 11 de maio, sendo réus pelos crimes de duplo homicídio qualificado, tentativa de homicídio qualificado e por não terem prestado socorro às vítimas.

Na última terça-feira (21), as viúvas de Evaldo e Macedo prestaram depoimento na Justiça Militar. De acordo com elas, os militares envolvidos na ação que matou seus maridos “debocharam” dos pedidos de socorro.

No entendimento do subprocurador-geral, não houve descumprimento das regras de engajamento porque “o homicídio aconteceu quando tentavam salvar um civil da prática de um crime de roubo”. Reforçando: foram 80 tiros contra um carro com inocentes.

Incidente

Bolsonaro viu apenas um “incidente” nos fuzilamentos

Foram precisos eis dias para o presidente Jair Bolsonaro (PSL) se pronunciar sobre imperdoável fuzilamento. Mas era melhor ter ficado calado, já que, segundo o presidente, o que aconteceu não foram assassinatos, mas sim um “incidente”.

“O Exército não matou ninguém, não. O Exército é do povo. A gente não pode acusar o povo de assassino. Houve um incidente. Houve uma morte. Lamentamos ser um cidadão trabalhador, honesto”. Jair Bolsonaro, presidente do Brasil.

A declaração do presidente foi durante inauguração do aeroporto de Macapá. Bolsonaro classificou o assassinato de Rosa como um “incidente”, declarou que o Exército “não matou ninguém” e que a instituição não pode ser acusada de ser “assassina”.

Evaldo estava no carro com a família, incluindo esposa, sogro e um bebê, voltando de um chá de bebê, quando foram surpreendidos com mais de 80 tiros de metralhadora. Ele morreu no local e duas pessoas ficaram feridas. Os disparos atingiram também o catador Luciano Macedo, que tentava socorrer a família, e morreu dias depois.

Viúva no enterro do músico Evaldo Rosa