5 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

SUS recebe medicamentos para intubação com bulas em mandarim e entidades pedem ajuda para traduzir

Kit intubação é compostos de sedativos, neurobloqueadores musculares e analgésicos opioides

Na quinta-feira da semana passada (15), chegou ao Brasil um lote de 2,3 milhões de kits para intubação de pacientes com covid-19. Os medicamentos foram o doados ao Sistema Único de Saúde (SUS) por um grupo de empresas formado pela Engie, Itaú Unibanco, Klabin, Petrobras, Raízen e TAG, além da Vale.

Os medicamentos foram fabricados em Lianyungang, na China. Os kits, que serão doados para o Ministério da Saúde, são compostos de sedativos, neurobloqueadores musculares e analgésicos opioides – insumos básicos para realizar a intubação.

E estão todos com instruções em mandarim.

Os medicamentos do “kit intubação” enviados da China com bulas, rótulos e embalagens em mandarim fizeram com que entidades de saúde pedissem a tradução para o português o mais breve possível, pois os profissionais que os manuseiam podem se confundir e colocar pacientes em risco.

Além da tradução da bula na íntegra, a força-tarefa faz outros pedidos e orientações. Uma das sugestões ao serviço de farmácia hospitalar é realizar o armazenamento e a identificação desses medicamentos separadamente, para evitar trocas e minimizar potenciais erros em toda a cadeia de abastecimento.

As entidades também enviaram um ofício para o Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde), o Conasems (Conselho Nacional de Secretarias municipais de Saúde) e o Ministério da Saúde de como os rótulos deveriam ser colocados para garantir a segurança.

Escassez

Com a lotação das UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) com doentes de Covid-19, medicamentos como sedativos, neurobloqueadores musculares e analgésicos opioides começaram a escassear ou até mesmo faltar em alguns hospitais.

o governador de São Paulo, João Doria, criticou, nesta quarta-feira (14), a gestão do Ministério da Saúde sobre a questão dos repasses de ‘ kits intubação’ aos estados e municípios. Para Doria, foi um “erro gravíssimo” confiscar a produção de empresas nacionais que faziam os insumos do kit intubação.

“Minha posição, como governador de são paulo e também em nome de dos governadores do Brasil, foi um gravíssimo erro do Ministério da Saúde de confiscar a produção de insumos das empresas brasileiras que produzem os medicamentos necessários para a intubação. Gravíssimo erro do Ministerio da Saúde realizado ainda durante a gestao do antecessor de Queiroga”. João Doria.

Ele ainda completou dizendo que “nenhum governo do estado, nehuma prefeitura ou hospital privado pode receber insumos para intubação de empresas brasileiras porque elas receberam o confisco, o sequestro pelo governo federal”.

Após o confisco, o governador afirmou que o Ministério da Saúde passou a repassar uma quantidade de insumos muito pequena, quase inexpressiva, aos estados, e que antes do confisco, não havia problemas de fornecimento.

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse em entrevista coletiva de imprensa na quarta-feira (21) que está prevista a chegada de 1,5 milhão de medicamentos do “kit intubação” até maio, com a primeira remessa desse lote na próxima semana. Uma parte seria doada pela Espanha.