26 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Doria: Kits de intubação são “confiscados” pela Saúde

Governador de SP afirma que pasta comete ‘erro gravíssimo’ na questão de distribuição dos medicamentos

Chegou ao Brasil na noite de quinta (15), no Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos (SP), um lote de 2,3 milhões de kits para intubação de pacientes com covid-19.

Os medicamentos foram fabricados em Lianyungang, na China. Os kits, que serão doados para o Ministério da Saúde, são compostos de sedativos, neurobloqueadores musculares e analgésicos opioides – insumos básicos para realizar a intubação.

Os medicamentos foram trazidos ao Brasil e serão doados ao Sistema Único de Saúde (SUS) por um grupo de empresas formado pela Engie, Itaú Unibanco, Klabin, Petrobras, Raízen e TAG, além da Vale, que deu início a ação há duas semanas.

Doria

Por causa da doação ao Ministério da Saúde, o governador de São Paulo, João Doria, criticou, nesta quarta-feira (14), a gestão do Ministério da Saúde sobre a questão dos repasses de ‘ kits intubação’ aos estados e municípios. Para Doria, foi um “erro gravíssimo” confiscar a produção de empresas nacionais que faziam os insumos do kit intubação.

“Minha posição, como governador de são paulo e também em nome de dos governadores do Brasil, foi um gravíssimo erro do Ministério da Saúde de confiscar a produção de insumos das empresas brasileiras que produzem os medicamentos necessários para a intubação. Gravíssimo erro do Ministerio da Saúde realizado ainda durante a gestao do antecessor de Queiroga”. João Doria.

Ele ainda completou dizendo que “nenhum governo do estado, nehuma prefeitura ou hospital privado pode receber insumos para intubação de empresas brasileiras porque elas receberam o confisco, o sequestro pelo governo federal”.

Após o confisco, o governador afirmou que o Ministério da Saúde passou a repassar uma quantidade de insumos muito pequena, quase inexpressiva, aos estados, e que antes do confisco, não havia problemas de fornecimento.

Na terça-feira (13), a Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Estado de São Paulo (Fehosp) fez um alerta sobre o desabastecimento de anestésicos e medicamentos do kit intubação e considerou o cenário “gravíssimo”.

Os cerca de 160 hospitais que responderam ao levantamento apontaram que os estoques de anestésicos, sedativos e relaxantes musculares tinham, então, em média, de 3 a 5 dias de duração e que os antibióticos também começaram a ficar escassos.

Ministério da Saúde

Enquanto isso, estes 2,3 milhões de kits são um primeiro lote de um total de 3,4 milhões que devem chegar ao Brasil até o final do mês.

No total, os medicamentos têm capacidade para serem utilizados em 500 leitos pelo período de um mês e meio. Os itens possuem autorização para importação emitida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Em coletiva de imprensa, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que a ação vai reforçar a assistência ao Sistema Único de Saúde (SUS).

“A obrigação de adquirir esses medicamentos é de estados e municípios. Todavia, estamos em uma emergência pública internacional e nós temos que tomar as providências necessárias para assegurar o abastecimento em todo o país, principalmente em municípios menores que não têm condições de compra”. Marcelo Queiroga.

Segundo o Ministério da Saúde, assim que chegarem ao Brasil, os medicamentos serão enviados para todos os estados e ao Distrito Federal.

“Com base em experiências anteriores, a expectativa é de que em menos de 48 horas os medicamentos sejam distribuídos para todos os estados”. Rodrigo Cruz, secretário-executivo do Ministério da Saúde.