5 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Teme ‘contaminação’: Governo brasileiro monitora manifestações em países vizinhos

“Esquerda radical” está por trás das manifestações nos países vizinhos

O presidente Jair Bolsonaro e setores de inteligência do governo monitoram com preocupação o cenário de conflito em países vizinhos, como Chile e Bolívia. Há um temor de que o clima de revolta possa contaminar o Brasil, que também vive momento político conturbado.

Em viagem ao Japão, Bolsonaro disse ter acionado o Ministério da Defesa para deixar as Forças Armadas de sobreaviso em caso de protestos semelhantes no País.

“A gente se prepara para usar o artigo 142 da Constituição Federal, que é pela manutenção da lei e da ordem, caso eles (integrantes das Forças Armadas) venham a ser convocados por um dos três Poderes”. Jair Bolsonaro, presidente.

A preocupação entre auxiliares do presidente está relacionada a possíveis confrontos violentos provocados pela polarização política no País. A avaliação é de que o resultado do julgamento sobre a prisão em segunda instância no Supremo Tribunal Federal, retomado nesta quarta-feira, pode ser o estopim de manifestações de apoiadores da Lava Jato e do governo Bolsonaro.

General Heleno

Esquerda vs Direita

Mensagens de parlamentares da oposição associando protestos no Chile ao resultado de políticas ligadas à direita também são vistas com receio por assessores no Palácio do Planalto. Citam, como exemplo, o senador Humberto Costa (PT-PE), que, na avaliação de interlocutores do presidente, “ultrapassou as raias da irresponsabilidade”.

“A paciência do povo com a direita ultraliberal, fascista, entreguista está acabando em diversos lugares do mundo. Jair Bolsonaro está com os dias contados. É questão de tempo. A hora do Brasil vai chegar. Anotem aí”. Humberto Costa (PT-PE), no Twitter.

O ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, acusou a “esquerda radical” de estar por trás das manifestações nos países vizinhos para criar um ambiente de conturbação e tentar voltar ao poder.

“Na América do Sul, estamos vivendo um momento difícil em que a esquerda radical, desesperada com a perda de poder, vai jogar todas as suas fichas na mesa para conturbar a vida dos países sul-americanos e tentar retornar ao poder de qualquer maneira e nos jogar no abismo”, Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional.

Na avaliação de oficiais-generais ouvidos pelo Estado, embora os cenários sejam diferentes entre o Brasil e seus vizinhos, o monitoramento é necessário para identificar o que chamam de “contaminação”. Além de Chile e Bolívia, também citam as situações conturbadas na Argentina, Peru e Equador.

O Chile entrou nosexto dia de protestos após o aumento de quase 4% da tarifa de transporte público. Ao menos 18 pessoas morreram. No Equador, o motivo das manifestações foi a alta na tarifa do metrô e do combustível.

Já na Bolívia, manifestantes foram às ruas após a apuração parcial indicar a quarta reeleição do presidente Evo Morales. No Peru, para onde viaja nesta quarta vice-presidente Hamilton Mourão, o atual governo enfrenta resistência da oposição fujimorista, o que deixa o cenário político conturbado. Além disso, a Argentina poderá ser o próximo local de instabilidades com a possível volta da esquerda ao poder.