20 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Temer: Suspeitas são disparate e perseguição

PF suspeita que presidente tenha lavado dinheiro de propina no pagamento de reformas em casas de familiares e dissimulado transações imobiliárias

Em pronunciamento no Palácio do Planalto nesta sexta-feira (27), o presidente Michel Temer (MDB) afirmou que a investigação da Polícia Federal contra ele é uma “perseguição criminosa” e que a suspeita de que lavou dinheiro por meio de imóveis é um “disparate”. Segundo Temer, ele virou alvo de mentiras que atingem sua honra e de sua família ao mesmo tempo em que “pessoas de má-fé” tentam “desmoralizar” a figura do presidente da República.

Foto: Dida Sampaio

Temer afirmou sofrer de uma perseguição criminosa disfarçada de investigação. “Venho aqui mais uma vez naturalmente para protestar contra mentiras que são lançadas contra minha honra. Não se tratam até de mentiras associadas à minha posição funcional, é contra minha honra e, pior ainda, mentiras que atingem minha família e meu filho que tem hoje nove anos de idade. Eu trabalho há quase 60 anos”, declarou.

“Só um irresponsável e mal-intencionado ousaria tentar me incriminar, minha família, minha filha, meu filho de nove anos de idade, como lavadores de dinheiro. Dizer que lavei dinheiro numa casa alugada. Dizer que gastei R$ 2 milhões. Que mundo em que estamos? Digo aos senhores que é revoltante, é um disparate”, afirmou.

Em seguida, ele enumerou os empregos que teve, como advogado, professor universitário, procurador do estado de São Paulo e vice-presidente, entre outros, para justificar que os montantes envolvidos nas transações investigadas são compatíveis com seu rendimento acumulado. Temer afirmou ainda que “qualquer professor de matemática” consegue concluir que ele teria recursos para comprar os imóveis que possui.

Lavagem de propina

Seis meses após o Supremo Tribunal Federal determinar a abertura de inquérito sobre a edição de um decreto para o setor portuário, uma das principais suspeitas de investigadores da Polícia Federal é de que o presidente Michel Temer tenha lavado dinheiro de propina no pagamento de reformas em casas de familiares e dissimulado transações imobiliárias em nomes de terceiros, na tentativa de ocultar bens.

Marcela Temer, sua mulher, e o filho do casal, Michelzinho, são donos de alguns desses imóveis. A investigação aponta que o presidente recebeu, por meio do coronel João Baptista de Lima Fillho, ao menos R$ 2 milhões de propina em 2014. Neste mesmo ano, quando Temer foi reeleito vice-presidente na chapa de Dilma Rousseff, duas reformas foram feitas, em valores semelhantes, em propriedades de familiares do emedebista, da filha Maristela Temer e da sogra, Norma Tedeschi.