19 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Tenente coronel Cid se recusa a falar na Polícia Federal sobre a minuta do golpe

PF encontrou a minuta do golpe de Estado para garantir Bolsonaro no poder, após inspeção no celular do militar ajudante de ordens

Cid, o ajudante, a minuta do golpe e Bolsonaro: uma encrenca séria

Ao prestar depoimento na Polícia Federal, o ajudante de ordens do ex presidente Jair Bolsonaro (PL) se recusou a falar, para não ter que se incriminar no processo que investiga a tentativa de golpe de Estado no País.

O silêncio teve como objetivo também proteger os figurões acima dele, na hierarquia do governo que integrou, enquanto homem de confiança dentro do Palácio do Planlto.

O silêncio se deu após a PF encontrou no celular de Mauro Cid uma minuta golpista e “estudos” para dar suporte a um eventual golpe de Estado.

As informações foram divulgadas nesta quarta-feira (7) pela GloboNews e pelo jornal O Globo e confirmadas pelo UOL.

A minuta golpista

No celular, foi identificada uma minuta para a decretação de GLO (Garantia da Lei e da Ordem), que permite ao presidente da República convocar as Forças Armadas em situações de perturbação da ordem..

Os documentos estavam em mensagens trocadas entre Cid e o sargento Luis Marcos dos Reis, preso na operação que investiga fraude nos cartões de vacinação de Bolsonaro e de sua filha.

Além da minuta golpista, Cid e Reis também discutiam como convencer autoridades do Exército a aderir ou colaborar com a GLO.

No despacho que autoriza a oitiva, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, afirma que Cid “reuniu documentos com o objetivo de obter suporte jurídico e legal para a execução de um golpe de Estado”.

A PF investiga se auxiliares de Bolsonaro tinham plano de editar um decreto de Garantia da Lei e da Ordem e, depois, a minuta golpista encontrada na casa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça.

Segundo a GloboNews, interlocutores de Cid, identificados na perícia do celular, estão na mira agora da apuração da PF, mas alguns nomes ainda são mantidos sob sigilo absoluto, pelo cargo de destaque que ocupavam no governo passado.

Em relação a Torres, a minuta golpista foi encontrada em sua residência durante operação de busca e apreensão em janeiro. O texto se tratava de um decreto para o então presidente Bolsonaro instaurar estado de defesa na sede do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).