7 de outubro de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Tucanos querem fazer congresso para decidir se apoiam Bolsonaro

De cima do muro, partido quer discutir cenário político

Perdidos, tal como cego em tiroteio, os tucanos os núcleos do PSDB enviaram nesta segunda-feira, 12, uma carta aberta à direção nacional do partido em que defendem a convocação de um congresso nacional para discutir o futuro da legenda e rever as teses, tendo como pano de fundo a postura em relação governo do presidente eleito Jair Bolsonaro.

A Executiva Nacional do partido se reúne na semana que vem, no dia 22, para organizar um calendário de reuniões e eleições internas, mas o debate sobre o posicionamento dos parlamentares em relação ao futuro governo Bolsonaro já se precipitou. Se vingar, o congresso nacional tucano poderia postergar a discussão para março.

“Indispensável é, a essa altura de nossa história e diante de tamanhos desafios que somos chamados a assumir, a articulação das vozes tucanas de todo o País em um Congresso Nacional. O primeiro passo é a discussão interna. Com serenidade, com responsabilidade. Sem extremismos, sem revanchismos”, diz o texto, ao qual a reportagem teve acesso. “Façamos da esperança nossa obsessão, com mais discussão e menos palanquismo. Foi-se o tempo das respostas fáceis. Foi-se o tempo dos oportunismos.”

A ideia debatida nos bastidores é realizar o encontro dois meses antes da Convenção Nacional, prevista para maio, quando as decisões do congresso seriam homologadas. A convenção deve marcar a ascensão de um novo grupo de dirigentes no partido, liderado pelos governadores eleitos, entre eles o de São Paulo, João Doria Jr, que defende apoio a Bolsonaro. O ex-governador paulista Geraldo Alckmin, derrotado na disputa presidencial, preside o diretório nacional e tem marcado posição contra Bolsonaro.

A proposta do congresso tem apoio da Juventude Tucana, do Tucanafro e da Diversidade Tucana. O PSDB Mulher, presidido pela deputada não reeleita Yeda Crusius (RS), não assinou. Os segmentos tucanos querem que militantes e dirigentes, com ou sem mandato, tenham o mesmo direito a voto e voz – o que manteria a relevância de parlamentares e dirigentes que não se elegeram.

A carta aberta alerta para “tentações populistas e nacionalistas” em todo o mundo e diz que, no Brasil, houve um grito de insatisfação nas urnas: “O esgotamento da chamada Nova República precipitou um interregno cheio das mais exóticas e extremas conformações políticas”.

Citando que as urnas foram “impiedosamente claras” com o partido a carta aberta cobra a autocrítica com participação de dirigentes e militantes, alguns dos quais flagrados em escândalos de corrupção. “Convém olharmos com crítica e equilíbrio para nosso passado”, diz o documento.