21 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Alagoas

Último debate entre candidatos ao Governo de AL tem mais troca de farpas do que propostas

Cunha foi criticado por usar orçamento secreto e se unir aos Lira; Dantas evitou falar mal do pai e Collor tentou colar no bolsonarismo

Apesar de temas pré-definidos, os candidatos ao governo do Estado de Alagoas fugiram do tema algumas vezes, durante debate realizado pela TV Gazeta nessa terça-feira (27) e acusações tiraram o foco das propostas de governo.

Participaram do debate seis candidatos: Cícero Albuquerque (PSOL), Luciano Almeida (PRTB), Paulo Dantas (MDB), Rodrigo Cunha (União Brasil), Rui Palmeira (PSD) e Fernando Collor (PTB).

Dividido em quatro blocos e abordando temas como Educação, Agricultura, Sistema Prisional, os candidatos fizeram perguntas entre si e cada um teve direito a perguntar e responder apenas uma vez por bloco.

Temas

Logo no começo, Rui Palmeira exaltou sua gestão como prefeito de Maceió e perguntou o que Cunha teria feito de relevante para a capital Alagoana. Citando algumas ações em Arapiraca, o candidato de Arthur Lira reforçou que liberou R$ 50 milhões em recursos para Maceió.

O governador Paulo Dantas perguntou então ao candidato Luciano, sobre Saúde, questionando como Alagoas passaria pela Pandemia apenas com o HGE de Maceió e uma Unidade de Emergência em Arapiraca. Como resposta, Luciano concordou que administração Renan Filho, continuada por Dantas, foi exemplar.

Collor então perguntou a Dantas sobre ele ser contra a reduçaõ do ICMS em produtos de cesta básica e gás de cozinha. O governador lembrou então que criou o pacto contra a fome. E que baixou o ICMS em sua gestão como governador – o Estado de Alagoas inclusive foi ao STF para ser compensado com esta perda financeira.

Luciano Almeida questionou então Rui Palmeira sobre o que o projeto Auxílio Alagoas trará de diferente aos programas assistenciais já existentes. Promessa de campanha do ex-prefeito, este auxílio seria entrege à Assembleia já no seu primeiro dia de gestã caso eleito.

Cunha versus Dantas

No segundo bloco, apesar de ter que perguntar sobre Agricultura, Cunha pediu explicações a Dantas sobre seu suposto envolvimento em investigação da Polícia Federal em casos de corrupção na Assembleia. Dantas praticamente chamou Cunha de mentiroso:

“Quero falar que Rodrigo Cunha é candidato fake, ele já foi processado cinco vezes por mentira. Você é uma vergonha. A sua máscara caiu”, disse o governador, afirmando que é ficha limpa e que não falaria mal do pai em público – Luís Dantas, seu pai, é o principal autor das acusações, em aliança com Lira e Cunha.

Cícero reforçou críticas ao governador, chamando-o de incoerente, pois não poderia ser progressista e ser a favor da privatização da Eletrobras e da Casal.

“Eu recebi no palácio a comunidade indígena, quilombola, LGBT, agricultores familiares. Quero dizer que Eletrobras era do governo federal e a casal foi feita parceria público-privada para levarmos saneamento para os 102 municípios e todas as pessoas do nosso estado” disse Paulo Dantas.

Já para Luciano Almeida, incoerente foi Rodrigo Cunha, por ser um dos maiores beneficiários do orçamento secreto. Cunha não negou uso do orçamento secreto e disse apenas que todos os gastos dele como parlamentar podem ser fiscalizados no portal da transparência.

“O senhor se rendeu ao orçamento secreto, aos comandos do deputado Arthur Lira. Trocou de partido que lhe estendeu a mão por conta de fundo partidário. Sabe quanto recebi até agora? Zero. Ganhar ou perder eleição faz parte do jogo, agora não disputo eleição a ferro e fogo, mudando todos os meus interesses”, afirmou Luciano.

Questionado por Dantas sobre o plano econômico fiscal em Alagoas, Collor. Por algum motivo, o ex-presidente exaltou sua herança no comando da República (quando tirou a poupança dos brasileiros e sofreu impeachment). Houve ainda dicussão quando o Professor Cícero, em defesa dos funcionários da Gazeta com salários atrasados, chamou o senador de debochado, que se exaltou. “Eu também sei gritar”, disse o Professor.

Rui Palmeira disse a Cícero que o governo do estado teria abandonado a agricultura familiar. Cícero, no entanto, disse que este seria problema antigo e herança de outros governos anteriores.

Cunha incoerente

Com tema livres Collor questionou Rui Palmeira sobre um candidato se filiar ao partido que antes criticava. Palmeira aproveitou para chamar Cunha de incoerente: “Ele entrou com ação que poderia sim suspender a entrega de cestas básicas, mas foi entregar remédio ao lado do prefeito de Maceió. Não tem credibilidade, não dá pra confiar”.

Palmeira reforçou que Cunha antes tinha aversão ao Arthur Lira, não chegava perto do Biu de Lira em 2018, que hoje integram sua campanha pelo União Brasil. “Pular de partido e cair nos braços de Arthur Lira. Votou contra o fundão e é o candidato que mais usa o fundão”, finalicou Palmeira.

Afirmando ser o candidato de Bolsonaro em Alagoas, Collor diz que Cunha traiu o presidente, afirmando que Rodrigo se aproveitou da onda bolsonarista em 2018 conquistando uma vaga como senador – para no mesmo ano dizer que não votaria no presidente Jair bolsonaro.

Usa a família

Ao falar do sistema prisional e da falta do semiaberto em Alagoas, Rodrigo Cunha perguntou sobre o prejuío com esta ausência para Paulo Dantas. O governador, no entanto, disse que a ressocialização funciona no estado e citou a nomeação de quase 400 policiais penais.

Afirmando que o estado é omisso, Cunha lembrou o caso da mãe, que foi assassinada pelo próprio suplente – que hoje responde pelo regime semiaberto. Dantas reforçou que Cunha usa a família como palanque político. E que está atolado no Centrão e no colo de Lira.

Considerações finais

Cada um teve um breve minuto para se despedir no último bloco. Cícero Albuquerque fez discurso em defesa dos pobres. Dantas reforçou seu Pacto Contra a Fome e que vai prosseguir com a boa gestão Renan Filho. Collor anunicou que teria Alfredo Gaspar na SSP e falou em “Deus, pátria, liberdade”.

Luciano Almeida, em dobradinha com Dantas, afirmou que a vitória de Cunha é aumentar “o clã dos Caldas” e que Alagoas merece mudanças. Palmeira exaltou sua própria história e que quer fazer pelo estado o mesmo que fez por Maceió. Cunha afirmou ter trajetória limpa e com história de superação.