20 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

A dama pediu saques: Bolsonaro e Michelle vão entregar à PF extratos bancários desde 2019 para se defender

PF encontrou 13 comprovantes de depósitos em dinheiro vivo feitos por Mauro Cid na conta de Michelle que totalizaram R$ 21.500

Diálogos encontrados pela Polícia Federal no telefone celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do Palácio do Planalto na gestão de Jair Bolsonaro (PL), mostram como eram feitos os pedidos para saques em dinheiro vivo e pagamentos para atender aos interesses da então primeira-dama Michelle Bolsonaro.

As mensagens eram enviadas a Mauro Cid por duas assessoras dela, Cintia Nogueira e Giselle Carneiro, que costumavam se referir a Michelle como “dama” ou pela sigla “PD”. Cid foi preso no último dia 3 de maio por suspeita de um esquema de fraude em certificados de vacina.

Para tentar provar inocência, o casal Jair Bolsonaro e Michelle Bolsonaro decidiu entregar para a PF (Polícia Federal), de modo voluntário, os extratos bancários da conta pessoal do ex-presidente relativos aos últimos 48 meses, ou seja, desde 2019.

A ideia, segundo a defesa, é mostrar que os pagamentos feitos com dinheiro vivo, a pedido de Michelle, teriam como origem dinheiro que saiu da conta de Bolsonaro.

“A defesa tem absoluta convicção no encontro de centavos entre saídas de recursos e pagamentos de despesas e boletos”. Defesa do casal em nota.

A defesa, porém, ainda não afirmou quando isso será realizado. A expectativa é que seja nos próximos dias. Fábio Wajngarten, ex-secretário da Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência) e advogado que atua na defesa de Bolsonaro já tinha mencionado em uma entrevista coletiva, na semana passada, que ofertaria documentos, extratos e contabilidade sobre o caso.

Mensagens

A PF encontrou, nos primeiros diálogos analisados, um conjunto de 13 comprovantes de depósitos em dinheiro vivo feitos por Mauro Cid na conta de Michelle entre março e agosto de 2021, que totalizaram R$ 21.500.

A investigação agora analisa as quebras de sigilo bancário para identificar as transações entre 2019 e 2022, durante toda a gestão de Bolsonaro.

Na análise inicial, a PF identificou dez solicitações de saques em dinheiro vivo feitas pelas assessoras de Michelle a Mauro Cid entre março e outubro de 2021, totalizando cerca de R$ 5.600.

Nos diálogos, as assessoras da então primeira-dama ordenam pagamentos para serviços prestados a ela, como costureira, podóloga e até mesmo um veterinário.

Também pedem depósitos mensais para Rosimary Carneiro, que era titular do cartão de crédito usado pela então primeira-dama, e para familiares de Michelle.