20 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Advogados pedem que MPF investigue fala de Damares sobre sexo oral com crianças

Fala foi feita em igreja e advogados acreditam que declaração visa alimentar discurso de ódio

Damares Alves: suspeita de alimentar o discurso de ódio nas igrejas

O grupo Prerrogativas, que reúne advogados e juristas, entrou com representações no Ministério Público Federal (MPF) e no STF (Supremo Tribunal Federal) pedindo que sejam investigadas as declarações feitas pela ex-ministra e senadora eleita Damares Alves (Republicanos-DF) em um templo evangélico, no último sábado (8/10), em Goiânia.

Damares disse que crianças brasileiras de três e quatro anos foram traficadas na Ilha de Marajó (PA) —lugar que fica próximo à fronteira com Suriname e Guiana Francesa— e tiveram os dentes arrancados para “não morderem na hora do sexo oral”.

“Nós descobrimos que essas crianças comem comida pastosa para o intestino ficar livre para a hora do sexo anal”, declarou a ex-ministra dentro de uma igreja.

Presente no culto de conteúdo sexual, Bolsonaro [PL] disse: ‘Nós vamos atrás de todas elas’.

O vídeo com as declarações de Damares foi publicado pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do presidente, em suas redes sociais.

Falas para alimentar discurso de ódio

Damares falou para os evangélicos sobre a existência um crime abominável que ela teria testemunhado, mas que enquanto ministra do governo não fez nenhuma denúncia nas instituições responsáveis e muito menos no Ministério Público.

Por isso, advogados do grupo pedem ao STF e ao MPF que, caso as declarações da ex-ministra sejam verdadeiras, Damares e Bolsonaro sejam solicitados a explicar quais medidas tomaram para a “apuração de tamanhas atrocidades”. É requisitado também que eles sejam investigados por prevaricação, uma vez que não teriam tomado qualquer providência ao tomarem conhecimento do que ocorria no local.

O grupo não descarta que as falas de Damares sejam “mentirosas’ e que teriam o objetivo de “alimentar discursos de ódio e tumultuar o processo eleitoral”. Desta forma, eles cobram também que a ex-ministra seja intimada a apresentar “provas do que alegou”.

“Se as declarações de Damares não forem verdadeiras, é também muito grave, pois a ex-ministra estaria banalizando um problema muito sério [o estupro de crianças] que é responsabilidade de todo e qualquer brasileiro combater esse tipo de violência”, afirma Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do grupo Prerrogativas.