28 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Justiça

Alexandre de Moraes diz que delação premiada está sob ataque no País

Manifestação se deu durante sessão da primeira turma do STF que tornou irmãos Brazão réus no caso Marielle Franco

Depois de utilizada de forma abusiva durante a Operação Lava Jato, a delação premiada agora está sob ataque. Pelo menos é o que revela o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

O ministro se manifestou durante o julgamento para abertura de ação penal no caso Marielle Franco, cuja denúncia teve como base a colaboração do ex-PM Ronnie Lessa, executor do crime.

Moraes faz referência às mudanças instituídas na lei anticrime, em 2019. Ela passou exigir provas de corroboração para o uso das informações do delator na fundamentação de medidas cautelares, como prisões preventivas ou busca e apreensão.

“Estamos num momento de ataque ao instituto de colaboração premiada. Estamos num momento em que alguns defendem a extinção da colaboração premiada”, afirmou o ministro.

“A colaboração premiada foi sendo ajustada no Brasil. Num primeiro momento a legislação não permitia a condenação só com base na delação premiada. A jurisprudência e depois a legislação foi mais além, impedindo o recebimento de denúncia tão somente com base na delação premiada”.

Moraes faz referência às mudanças instituídas na lei anticrime, em 2019. Ela passou exigir provas de corroboração para o uso das informações do delator na fundamentação de medidas cautelares, como prisões preventivas ou busca e apreensão.

Lira abriu frente contra delação

De autoria do então deputado Wadih Damous (PT-RJ), atual secretário Nacional do Consumidor no governo Lula (PT), a proposta foi elaborada em 2016, no contexto da Operação Lava Jato. A proposta também criminaliza a divulgação do conteúdo dos depoimentos colhidos no âmbito de acordos de colaboração premiada, pendente ou não de homologação judicial.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), incluiu na pauta de votações do plenário da Casa há duas semanas um requerimento de urgência, que acabou sendo aprovado, agilizando a tramitação do projeto contra a delação premiada.

 Damous disse à Folha de S.Paulo que o texto está sendo usado “oportunisticamente”.

“Eu pensei que tudo isso já tivesse arquivado lá na Câmara, é de se perguntar ao atual presidente da Câmara por que na época ele não assinou um requerimento de urgência, como agora está assinado”, disse.

O debate da delação voltou à tona depois que o miliciano Ronnie Lessa, matador de Marielle Franco e do Motorista Anderson Santos, fez a delação à Polícia Federal contra os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, identificando-os como os mandantes do crime bárbaro ocorrido em março de 2018, no Rio de Janeiro.

Chiquinho Brazão, deputado federal do bolsonarista, do bloco do Centrão, se encontra preso, assim como o irmão, que é Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado.

Nesta terça-feira, 18, a Primeira Turma do STF tornou os dois irmãos réus como os mandantes do assassinato de Marielle e Anderson.