A terça-feira, 16 de maio deste ano, deve ficar marcada como um dos dias mais positivos para o governo Lula. Isso se deve à melhora da economia do país, à aceitação do governo e à vindicação pessoal do petista e seus aliados.
Tudo começou com o anúncio da Petrobras sobre o fim da paridade de preços dos combustíveis entre o mercado interno e externo, o que resultou na imediata redução dos preços do diesel e gás. Essa conquista é importante para a economia nacional, assim como a nova versão do arcabouço fiscal, que também foi apreciada no Congresso e deve ser aprovada pela maioria dos parlamentares.
Do ponto de vista político, Lula e sua equipe receberam com satisfação a alta na aprovação na pesquisa CNT/MDA, na qual ele foi aprovado por 43% e reprovado por 24%. Além disso, observaram as longas horas que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teve que passar na Polícia Federal durante seu depoimento.
Enquanto Bolsonaro atribuía a culpa de qualquer crime do qual tenha sido acusado a ações rebeldes e altruístas de terceiros, como o ainda preso general Mauro Cid, que “por conta própria” pagava as contas do ex-presidente, de Michelle e ainda fraudava registros de vacinas, o Valdemar Costa Neto (presidente do PL) se complicava em uma entrevista na Globo News. Ele disse que Bolsonaro “não é uma pessoa normal, é acima do normal” e deixou escapar que houve uma tentativa de “golpe” em 8 de janeiro.
A cereja do bolo, uma conquista pessoal, foi a cassação do agora ex-deputado federal Deltan Dallagnol, que teve seu registro retirado pelo TSE por ter fraudado a Lei da Ficha Limpa ao sair do MPF em novembro de 2021 para evitar possíveis punições. Dallagnol era o principal promotor da operação Lava Jato, que, em conluio suspeito com o então juiz, ainda senador Sergio Moro (União Brasil), retirou Lula da disputa eleitoral de 2018, vencida por Bolsonaro.
Seria um dia perfeito, não fosse mais uma escorregada de Lula durante seu discurso sobre os 11 anos de criação da Lei de Acesso à Informação (LAI). Infelizmente, o presidente disse que sua lei “foi estuprada há pouco tempo” e que eles estavam “recuperando para que o povo brasileiro veja essa criança se transformar em adulto”.
A comunicação do governo, repleta de falhas e ainda não tão engajada, continua alimentando adversários nas redes sociais, sendo um problema para o governo Lula. Se durante a gestão Bolsonaro uma série de cortinas de fumaça impediam um foco maior nos problemas, todas as conquistas agora correm o risco de serem manchadas pelo próprio governo.
Não se trata apenas de “não divulgar” ou “fingir que não ouviu”. Todos sabemos que nas redes sociais, especialmente na bolsoesfera do Twitter e similares, esse comentário de Lula repercutiu mais do que todos os outros eventos do dia 16 de maio. Por isso, com mudanças na equipe de comunicação ou um bom treinamento em mídia, Lula e seus ministros precisam urgentemente evitar essas escorregadas.
De qualquer forma, o dia 16 de maio foi um bom dia.