3 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Barragens de Brumadinho: Cerca de 200 pessoas estão desaparecidas

Se confirmada a suspeita, a tragédia será maior e mais grave que o desastre ocorrido em Mariana

Cerca De 200 pessoas estão desaparecidas, segundo o Corpo de Bombeiros, após o rompimento de três barragens da mineradora Vale em Brumadinho (MG), na Grande Belo Horizonte, na manhã desta sexta-feira (25). Há ao menos três mortes confirmadas.

De acordo com o Tenente Coronel Eduardo Ângelo Gomes, comandante do Batalhão de Emergências Ambientais e Resposta a Desastres, se confirmada a suspeita, a tragédia em Brumadinho será maior e mais grave que o desastre ocorrido em Mariana, em novembro de 2015 – quando 19 pessoas morreram após o rompimento de uma barragem da Samarco, também da Vale.

Segundo o tenente coronel, três corpos foram retirados da lama de rejeitos. Segundo ele, a Vale informou que não há risco de rompimento da segunda barragem existente na região, que é de água. “Até o momento, três vítimas fatais e 100 pessoas resgatadas com vida. Elas estavam próximas as estruturas que foram atingidas”.

Os rejeitos atingiram uma área administrativa da empresa, onde havia funcionários, além da comunidade Vila Ferteco. Em nota, a Vale não descarta que pode haver vítimas, mas ainda não há informações sobre mortos.

As três barragens fazem parte de um mesmo complexo de mineração. Inicialmente, o governo estadual havia informado que apenas uma havia sido atingida, depois a informação foi atualizada.

As barragens tinham volume de 12,3 milhões de m³ de rejeito de mineração. A de Mariana, que se rompeu há três anos, tinha 50 milhões de m³ de rejeitos. Os rejeitos atingiram a bacia do rio Paraopeba. Moradores de cidades por onde passa o rio, como Betim, estão sendo orientados a deixar suas casas.

O desastre aconteceu por volta de 13h, no momento em que parte dos profissionais almoçava. Segundo o Corpo de Bombeiros, 30 trabalhadores que estavam no local conseguiram correr e escaparam do desastre.

Governo

Após o rompimento de uma barragem da Vale do Rio Doce em Brumadinho (MG), cidade próxima a Belo Horizonte, o presidente Jair Bolsonaro determinou a ida dos ministros do Meio Ambiente (Ricardo Salles), Desenvolvimento Regional (Gustavo Canuto) e Minas e Energia (Bento Albuquerque), além do secretário Nacional de Defesa Civil (Alexandre Lucas), para a região.

Pelo Twitter, Bolsonaro disse lamentar o ocorrido e que “todas as providências cabíveis estão sendo tomadas” e que a maior preocupação do governo é “atender eventuais vítimas desta grave tragédia”.

Cidades vizinhas

As prefeituras de municípios vizinhos a Brumadinho e cortados pelo Rio Paraopeba alertaram a população sobre o risco de uma súbita elevação do nível da água e recomendaram que as pessoas se afastem do rio. Além disso, as autoridades municipais já se mobilizam para enfrentar eventuais impactos que o rompimento da barragem na Mina Córrego do Feijão, da mineradora Vale, nesta sexta-feira pode causar.

Em Mário Campos, cidade vizinha a Brumadinho, moradores de três bairros (Reta 1; Funil e Campo Verde) localizados às margens do rio estão sendo orientados a deixar suas casas preventivamente. Segundo a procuradora municipal,Patrícia Natália Elias, policiais militares percorreram os bairros alertando sobre o risco da súbita elevação do nível d´água.

De acordo com a procuradora, a Escola Municipal Antônio Pinheiro Diniz (a Escola da Praça), na região central, está sendo preparada para receber quem tenha que deixar sua casa e não tenha para onde ir.

Outras cidades mais distantes, a jusante do rio, também emitiram alertas para a população. A prefeitura de Juatuba divulgou um comunicado nas redes sociais e meios de comunicação locais conclamando a população a estar atenta. “Não se aproximem [do Rio Paraopeba]. Não é possível precisar o volume de água, portanto, não queiram ver de perto. Todos devem se afastar.”