21 de agosto de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Bolsonaristas pedem “artigo 142” e caminhoneiros bloqueiam BR-163 após vitória de Lula

Constituição Federal, no entanto, não entrega às Forças Armadas a função de mediar conflitos entre os Poderes constitucionais

Desde o anúncio da vitória de Lula, vídeos de caminhoneiros fechando rodovias pelo país começaram a ganhar as redes. O prazo, segundo o sujeito no vídeo, servirá para que o Exército “assuma o controle do país”.

Alguns motoristas usaram seus próprios caminhões de carga para bloquear as vias. Em outros lugares, pneus também foram queimados. E, como é de praxe entre os conservadores, o hino nacional também foi cantado pelos manifestantes.

Os bolsonaristas não aceitam a derrota do presidente e dizem que não vão sair das rodovias até que o golpe militar se concretize no país.

Segundo a concessionária Rota do Oeste, que administra a rodovia, os atos são monitorados. No entanto ainda não informações sobre o congestionamento de veículos nesses trechos.

“O provo brasileiro sabe que sofreu um duro golpe, e nós não vamos aceitar”, diz o autor de um vídeo. “Vamos parar o Brasil, chega de sermos burros”, acrescenta uma mulher, na gravação.

“O povo de Lucas do Rio Verde não aceita a esquerda. Não vamos aceitar essa palhaçada. BR trancada. Tudo pacífico”, diz uma outra pessoa que grava a manifestação.

Manifestantes fecharam trechos da BR-163, em quatro municípios da região norte de Mato Grosso, na noite deste domingo, em protesto contra a derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL) na disputa à reeleição para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Eles atearam fogo em pneus em pontos da rodovia, em Lucas do Rio Verde, Sorriso, Sinop e Nova Mutum.

142

Além disso, de forma discreta, especialmente nas redes sociais, bolsonaristas gritam “142” e clamem pela “ajuda das Forças Armadas” após as urnas terem sido apuradas com a derrota de Jair Bolsonaro.

“Maior fraude eleitoral de todos os tempos”, “estou sentindo cheiro de 142”, “esperando as 4 linhas”, “Artigo 142 urgente”, “Exigimos as Forças Armadas agora” são exemplos das mensagens que foram enviadas em grupos que reúnem milhares de integrantes e que estiveram em polvorosa durante a apuração.

O artigo 142 da Constituição Federal, claro, não autoriza uma intervenção militar a pretexto de “restaurar a ordem”. Não existe país democrático do mundo em que o Direito tenha deixado às Forças Armadas a função de mediar conflitos entre os Poderes constitucionais ou de dar a última palavra sobre o significado do texto constitucional.

Na verdade, o artigo diz o seguinte:

“As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”.

Portanto, mais uma mentira de um governo que está prestes a acabar. Até mesmo Arthur Lira, presidente do Congresso e maior aliado de Bolsonaro contra impeachments, já avisou que não há o que contextar.