O presidente Jair Bolsonaro (PSL) considera participar das manifestações convocadas no país inteiro, em apoio ao seu mandato, no próximo domingo (26). Contrário ao Congresso e ao STF (Supremo Tribunal Federal), o movimento é defendido nas redes sociais pelos filhos do presidente e por parlamentares do PSL, partido de Bolsonaro.
Reservadamente, ele já indicou estar disposto a comparecer, mas afirmou que ainda não havia tomado uma decisão. Sua presença, inclusive, é defendida pelo núcleo ideológico do Palácio do Planalto, formado por seguidores do escritor Olavo de Carvalho. O que seria considerado um gesto importante a seus apoiadores.
Por outro lado, um grupo mais moderado, composto pelos militares, considera a ida de Bolsonaro um erro. Para eles, o presidente sofrerá um desgaste independentemente da adesão do público. A avaliação é de que manifestações de pequeno porte seriam associadas a perda de capital político.
Ao mesmo tempo que se foram amplas e em tom beligerante, têm potencial para elevar a tensão do Executivo com o Judiciário e o Legislativo.
Sem apoios
Os grupos de direita estão rachados e os bolsonaristas precisaram adaptar discurso para excluir motes radicais e tentar ampliar a adesão de apoiadores do governo Jair Bolsonaro (PSL).
Para evitar polêmicas, o discurso na rede é evitar fechamento do Congresso e do STF (Supremo Tribunal Federal), por exemplo, e sim atacar o centrão, considerado responsável por paralisar o governo.
As convocações falam também em demonstrar apoio à reforma da Previdência e ao pacote anticrime do ministro Sergio Moro, pedir a continuidade da Operação Lava Jato e defender a obrigação do voto nominal como estratégia para constranger parlamentares em projetos polêmicos.
Mas o apoio de outros protestos minguou. Movimentos com estrutura mais robusta, como MBL (Movimento Brasil Livre) e VPR (Vem pra Rua), que atuaram como indutores dos protestos pela queda de Dilma Rousseff (PT), evitaram aderir à iniciativa. A principal justificativa para pularem fora foi a de existir radicalismo nas propostas contra Legislativo e STF.
NOTA.
Mentirosos estão divulgando que o MBL está apoiando um ato nas próximas semanas. Nosso esclarecimento aqui. pic.twitter.com/9wlQrm6ieS
— Mov. Brasil Livre (@MBLivre) 17 de maio de 2019
O Vem pra Rua chegou a ser procurado para se envolver na convocação de domingo, mas se retirou quando notou “o absurdo que eram as pautas”, segundo Adelaide Oliveira, coordenadora nacional.
Pautas oficiais
- Defesa da reforma da Previdência
- Defesa do pacote anticrime de Moro
- Apoio à Lava Jato
- Votação nominal na MP da reforma administrativa
- Defesa de medidas de Bolsonaro, como contingenciamento de gastos e decreto de armas
Quem vai participar
- Clube Militar
- Ativistas Independentes
- Movimento Avança Brasil
- Direita São Paulo
- Patriotas Lobos Brasil
- Outros grupos de direita
Quem não vai participar e por quê
“Fechamento do Congresso e do STF é coisa de revolucionário. Quem é liberal e conservador defende a separação dos Poderes, e não o fechamento dos Poderes”. Kim Kataguiri, deputado federal pelo DEM e um dos fundadores do grupo.
“Sendo um ato pró-governo, não vamos aderir, porque vai contra um dos nossos pilares, que é ser um movimento suprapartidário”. Adelaide Oliveira, coordenadora nacional do movimento.
“Em manifestações com pautas diversas e sem objetivo claro, o Novo entende que cabe ao cidadão decidir quanto ao apoio, e não ao partido como instituição”. Nota do Novo.
“Essas manifestações não têm racionalidade. O presidente foi eleito para governar nas regras democráticas. […] Pelo amor de Deus, parem as convocações! Essas pessoas precisam de um choque de realidade. Não tem sentido quem está com o poder convocar manifestações! Raciocinem!“. Janaina Paschoal, deputada estadual pelo PSL.