2 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Bolsonaro deixa escapar que é ‘mentiroso’ e ameaça de novo realização das Eleições

Atrás nas pesquisas, presidente cobra presença de militares durante apuração de votos e que vai suspender se “algo anormal” acontecer

Deputado Daniel Silveira, o presidente da República, Jair Bolsonaro, e o deputado Coronel Tadeu, participam do encontro com deputados, no Palácio do Planalto, em Brasília

Durante o evento “Liberdade de Expressão”, no Palácio do Planalto, nesta quarta-feira (27), o presidente Jair Bolsonaro (PL) ameaçou novamente a realização das eleições. Dessa vez, se tiver “algo anormal” e se militares não participarem da apuração de votos.

Segundo Bolsonaro, isso se estenderia a todos os cargos eletivos, incluindo governos estaduais e para a Câmara, Senado e deputados estaduais.

“Não pensam que uma possível suspensão de uma eleição seria só para presidente, isso seria para o Senado, para a Câmara, se tiver algo de anormal”.

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E em recado direto para o ex-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luis Roberto Barroso, Bolsonaro afirmou que “não deveria ter tido eleições de 2020 sem a conclusão daquele inquérito que deveria ser sigiloso” e disse que Barroso mente.

Bolsonaro falou ainda sobre uma “sala secreta” do TSE. Sem provas, o presidente insinuou que supostamente fabricam o resultado das eleições, de forma não transparente.

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“Dá pra acreditar nisso? Uma sala secreta, onde meia dúzia de técnicos dizem no final ‘quem ganhou foi esse’. Eles [TSE] convidaram as Forças Armadas para verificar o processo, mas se esqueceram que o chefe das Forças Armadas é Jair Messias Bolsonaro”.

O inquérito instaurado por meio do Comissão de Transparência Eleitoral (CTE) citado por Bolsonaro foi o divulgado em fevereiro deste ano que concluiu a lisura das urnas eletrônicas. Bolsonaro, capitão reformado do Exército, até deixou escapar que o mentiroso é ele:

Daniel Silveira

O evento, batizado de “ato cívico pela liberdade de expressão”, com transmissão ao vivo pela TV Brasil, contou com mobilização liderada pelas bancadas evangélica e da bala do Congresso, como uma forma de demonstrar apoio ao presidente em meio ao embate com a corte.

E na oportunidade, o presidente da Frente Parlamentar Evangélica, o deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) leu hoje um manifesto em defesa da liberdade de expressão e em apoio ao deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado no STF (Supremo Tribunal Federal) a 8 anos e 9 meses de prisão por estimular atos com pautas antidemocráticas no país.

O texto, endossado por parlamentares bolsonaristas, foi divulgado durante a abertura de evento com a presença do presidente Jair Bolsonaro (PL) e de integrantes da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime, da qual o bolsonarista foi eleito hoje vice-presidente.

“Liberdade de expressão é alçada a direito fundamental absoluto, quando é para atacar crenças e valores caros a cristãos, em detrimento de outros direitos fundamentais”, disse o congressista.

Na avaliação do grupo, o Poder Judiciário faz juízo de valor ao criminalizar ideias dissidentes.

“Em outros momentos, a liberdade de expressão é encarada como discurso de ódio, intolerante ou fascista, que deve ser combatida. O problema não é somente o que se diz, mas quem diz: evidenciando quem são os verdadeiros intolerantes. Muitos cidadãos têm medo de expor suas opiniões por medo de represálias, sejam virtuais ou físicas. Não raro, alguém começar expressar suas ideias através de vídeos, áudios ou textos online, e os conteúdos serem derrubados pelos moderadores e terem seus canais suspensos”. Deputados bolsonaristas em defesa da Daniel Silveira.

Além do perdão de pena concedido por Bolsonaro ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), desafiando decisão do Supremo, uma declaração do ministro Luís Roberto Barroso de que as Forças Armadas estariam sendo orientadas a atacar as eleições provocou reação do Ministério da Defesa no final de semana e ampliou a tensão entre os Poderes.