25 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Justiça

Defesa: Barroso fez ‘ofensa grave’ ao dizer que FFAA são orientadas a criticar urnas

Ex-presidente do TSE questionou ataques contra o processo eleitoral e as tentativas de desacreditá-lo

O ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), afirmou neste domingo (24) que as Forças Armadas têm sido “orientadas” a atacar o processo eleitoral.

Sem mencionar o presidente Jair Bolsonaro (PL), o magistrado disse que há um esforço para levar as Forças Armadas ao “varejo da política” e que isso seria uma “tragédia” para a democracia.

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“Desde 1996 não tem um episódio de fraude no Brasil. Eleições totalmente limpas, seguras e auditáveis. E agora se vai pretender usar as Forças Armadas para atacar? Gentilmente convidadas a participar do processo, estão sendo orientadas para atacar o processo e tentar desacreditá-lo”?

A fala foi feita durante participação no “Brazil Summit Europe 2022”, evento realizado por uma universidade da Alemanha.

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Ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ao lado do general Ramos, ministro-chefe da Secretaria de Governo e o presidente Jair Bolsonaro

Defesa

O ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, disse ser “irresponsável” e “ofensa grave” a afirmação de que existe orientação para que as Forças Armadas façam ataques ao sistema eleitoral brasileiro.

Oliveira, que foi colocado no cargo há menos de um mês pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), divulgou uma nota para rebater as afirmações feitas pelo ministro Luís Roberto Barroso:

“O Ministério da Defesa repudia qualquer ilação ou insinuação, sem provas, de que elas teriam recebido suposta orientação para efetuar ações contrárias aos princípios da democracia. Afirmar que as Forças Armadas foram orientadas a atacar o sistema eleitoral, ainda mais sem a apresentação de qualquer prova ou evidência de quem orientou ou como isso aconteceu, é irresponsável e constitui-se em ofensa grave a essas instituições nacionais permanentes do Estado brasileiro. Além disso, afeta a ética, a harmonia e o respeito entre as instituições.”

TSE

Ao serem convidadas para participar da Comissão de Transparência das Eleições, do TSE, as Forças Armadas apresentaram propostas “colaborativas, plausíveis e exequíveis”, segundo o ministro da Defesa.

O convite partiu do próprio Barroso. O TSE chegou a decidir que o general Fernando Azevedo e Silva, ex-ministro da Defesa no governo Bolsonaro, seria diretor-geral do tribunal, inclusive durante a disputa eleitoral em outubro de 2022. Depois, o general anunciou desistência do cargo.

Barroso é ex-presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e sofre ataques constantes de Bolsonaro. Os ataques do presidente ao ministro têm os propósitos de mobilizar os apoiadores mais radicais e de lançar dúvidas sobre as urnas eletrônicas.