2 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Bolsonaro inaugura hoje obra hídrica que ainda não pode distribuir água por ele ter vetado recursos

Ramal do Agreste de Pernambuco depende de adutora que não foi concluída sem o envio de recursos federais

Enquanto é acusado de crime contra a humanidade, charlatanismo, prevaricação e outros mais na CPI da Covid, o presidente Jair Bolsonaro segue realizando suas viagens eleitoreiras para recuperar seu apoio popular, perdidos durante a pandemia e crise econômica.

E hoje, em evento marcado às 13h40, ele vai inaugurar uma obra inacabada Ramal do Agreste na cidade de Sertânia, em Pernambuco. Aparecer nas fotos em cerimônias simbólicas não vem sendo novidade nesta turnê presidencial, mas o detalhe aqui é que ele, literalmente, agiu para que o serviço não fosse concluído.

O Ramal do Agreste faz parte de um evento que foi batizado de Jornada das Águas pelo governo federal, só que o Ramal do Agreste não tem como cumprir sua função de levar água às casas de mais de 2 milhões de pessoas em 68 cidades da região, a de maior escassez hídrica do estado, por que o presidente cortou as verbas para sua construção.

Para entrar em funcionamento, o Ramal depende da conclusão das obras da Adutora do Agreste, que, de acordo com a gestão Paulo Câmara (PSB-PE), só não foram finalizadas ainda porque o próprio presidente da República vetou, em abril, o envio de R$ 161 milhões previstos para isso.

“Em todo o ano de 2021, nenhum único centavo foi repassado ao Governo de Pernambuco para o andamento das adutoras. Deixando bem claro: em 2021, a União não realizou nenhuma transferência de recursos, reduzindo o ritmo das obras por conta da incerteza na disponibilidade financeira por parte do Governo Federal e não por conta da ordem de execução dos trabalhos”. Nota administração estadual.

Nada que não impeça mais uma foto dessas de Bolsonaro:

Inauguração do Sistema Adutor do Pajeú, em São José do Egito (PE), em outubro de 2020

Outro lado

Para o Ministério do Desenvolvimento Regional, de Rogério Marinho, a sequência de execução dos trechos da Adutora do Agreste teria sido escolhida de forma errada pelo governo pernambucano, começando a obra física “do fim para o início”, priorizando outros trechos que não o Ipojuca-Mimoso.

“Caso o governo do estado tivesse executado prioritariamente este trecho, com a conclusão do Ramal do Agreste, a água do Projeto São Francisco chegaria aos municípios contemplados nesta etapa da Adutora”. Nota do Ministério do Desenvolvimento Regional.

Na nota, no entanto, a pasta não comenta o veto de Bolsonaro aos repasses em abril. O ministério também acusa o governo estadual de omitir em suas divulgações que “90% dos recursos da Adutora do Agreste são repassados pelo governo federal”. O que pode indicar um dos motivos para o corte.